O que dizer sobre a criação da terra e de tudo que nela existe? No decorrer do texto pretendo tornar toda essa criação acessível ao nosso entendimento, para que vejamos a perfeição de Deus em tudo que faz e para que também vejamos que em tudo há um propósito.

A criação de Deus, registrada em Sua palavra, já nos mostra Sua vontade e plano para o homem. Quanto amor é possível ver nos detalhes colocados por nosso Deus em cada coisa criada. Vejamos resumidamente uma pequena explanação dos sete dias da criação.

OS SETE DIAS DA CRIAÇÃO SÃO A ORIGEM DE TUDO

No primeiro dia vemos um importantíssimo princípio: precisamos da luz que vem de Deus e que é o próprio Deus. Neste primeiro dia, Deus fala, a luz surge e as trevas, por sua vez, se dissipam. O primeiro aspecto do viver espiritual que um filho de Deus deve observar é quanto à luz. Se em nosso viver ainda há trevas, precisamos nos voltar ao Senhor Jesus para que a luz de Deus se faça presente, aniquilando assim todas trevas.

A única forma de combater as trevas é com a luz, pois onde a luz se faz presente as trevas não permanecem (Jo 1:5).

Não há a possibilidade de mantermos as trevas e a luz juntas. Se há trevas em nosso viver, isso significa falta de luz, ou seja, falta do próprio Deus. Busquemos a luz para não nos mantermos expostos ao toque de Satanás.

No segundo dia, podemos observar a separação das águas debaixo do firmamento e as águas sobre ele. Entre elas, no meio, ficou o ar que pode ser tipificado como o Espírito. Nisto podemos ver mais um passo do viver espiritual: quem separa o que é terreno do que é celestial é o Espírito. Por isso a importância de recebermos o Espírito, o sopro do próprio Deus, pois aquele que vive por Deus não vive limitado ao que é terrenal, pelo contrário, busca as coisas do alto (Cl 3:1).

Vejamos agora o terceiro dia: “Disse também Deus: ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar, e apareça a porção seca. E assim se fez” (Gn 1:9). Ao ver a terra surgir de entre as águas de morte, notamos a semelhança com a ressurreição do Senhor Jesus, que ao terceiro dia saiu da morte para a vida. Após o aparecimento da terra, a vida passou a crescer surgindo assim relva, ervas que davam sementes e arvores frutíferas em que a semente estava presente no fruto (Gn 1:11-12).

Quanto significado! Por meio de Jesus podemos ter vida, frutificar e dar frutos que podem produzir mais vida. Essa é a vontade do nosso Deus, que possamos frutificar e que estes frutos possam permanecer e virem a gerar mais frutos. Que privilégio dado a nós ao sermos escolhidos por ele para tamanha obra (Jo 15:16).

No quarto dia, o que temos? Mais luz! A diferença da luz dos luzeiros, criada no quarto dia, para a luz do primeiro dia é a do quarto dia é definida, visível. A do primeiro dia não sabemos exatamente de onde vem, qual sua origem, era difusa e mais geral ,mas a do quarto dia tem suas representações: o sol, a lua e as estrelas. Representações essas que podem ser interpretadas como o sol sendo Cristo, tendo sua luz própria; a lua como sendo a igreja, iluminada pela luz do sol, mostrando mais uma vez a nossa dependência a Deus e a necessidade de refletirmos a luz de Cristo (Mt 5:16).

No início de nossa carreira cristã, quando cremos em Deus, somos iluminados pela luz do primeiro dia, porém para crescermos em vida, assim como os vegetais necessitam do sol, nós necessitamos da luz do quarto dia, que é a luz de Cristo que recebemos ao ter comunhão com Ele, nos achegando mais constantemente ao nosso Pai. Essa luz mais forte irá expor aquilo que precisa ser mudado, aperfeiçoado, fazendo assim com que sejamos transformados e cada vez mais conformados a Ele (Jo 12:35-16a). E por fim, temos as estrelas que são os filhos de Deus, nossos irmãos em Cristo.

No quinto e sexto dias, ainda vemos a vida se expandindo e animais sendo criados, cada um com seu aspecto peculiar. Mas, para Deus, ainda faltava aquele que lhe serviria de instrumento para levar a cabo seu plano, para ser-lhe útil e semelhante, por isso criou o homem e deu-lhe privilégios que só um pai amoroso pode dar. Assim é o nosso Deus (Gn 1:26-32). Deus preparou a terra como quem prepara com todo carinho um quarto para receber o bebê esperado. Ele nos criou e nos deu seu próprio fôlego, somos os únicos a ter o fôlego de Deus e ser sua semelhança.

Nós contemos o próprio Deus.

Deus se agradou de tudo que fez e ao sétimo dia descansou (Gn 2:2).

A CRIAÇÃO DO HOMEM EXPLICA SUA ORIGEM

A criação do homem

Deus, em Seu propósito, criou o homem com o intuito de governar o mundo por meio dele. Fomos feitos como recipientes para contê-Lo. Somos pequenos e aparentemente frágeis, feitos de carne, mas com uma parte interior, o espírito, que é capaz de conter o próprio Deus. Somos aparentemente limitados, mas temos o que é eterno dentro de nós (Ec 3:11). Deus é Espírito e por isso criou em nós o espírito, para que pudéssemos O conter e assim sermos guiados por Ele (Jo 4:24).

O jardim do Éden

Deus, nosso pai zeloso, preocupado com a alimentação do homem que criou, colocou-o no jardim do Éden, lugar esse que estava repleto de arvores frutíferas. Dentre elas havia, no meio do jardim, a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2:9).

A árvore da vida

A árvore da vida tinha a função de vivificar o homem quando este se alimentasse dela (Gn 2:8-9). Precisamos entender o significado da árvore da vida. Trazendo para nossa realidade, a árvore da vida é como a videira, árvore baixa, acessível. Esta representa o próprio Senhor Jesus (Jo 15:1) e só por meio Dele, podemos ter vida (Jo 15:4). A árvore da vida não pode ser uma árvore alta, pois estas, apesar de aparentarem grandeza e beleza, são de difícil acesso. Da mesma maneira nós, se nos exaltarmos seremos inadequados ao levar vida a outros, pois a humildade é fundamental na obra de Deus.

Outro aspecto diz respeito a comunhão com Cristo. Nosso Deus é acessível, não exige de nós sacrifícios para contatá-Lo, podemos encontrá-Lo a qualquer momento e lugar, basta chamá-Lo pelo nome (Sl 145:18). Precisamos expressar a todos a alegria que temos por podermos ter contato constante com o Senhor e mostrar também que todos, assim como nós, podem fazê-lo.

A árvore do conhecimento do bem e do mal

Ao contrário da arvore da vida, a arvore do conhecimento do bem e do mal não é para ser tocada, pois causa morte (Gn 2:16-17). O homem, Adão, foi desobediente ao direcionamento de Deus e comeu do fruto proibido, recebendo assim a morte em seu ser. A partir disso, passou a crescer no homem uma vida independente de Deus, vida essa que se acha capaz de discernir o bem e o mal.

Nossa alma, que contem três partes (mente, vontade e emoção) antes controlada apenas pelo espírito, passou a ser guiada também por essa vida independente de Deus, vida essa que podemos chamar de vida da alma. Satanás aproveita-se que a consciência do homem, que antes recebia os comandos de Deus, ficou cauterizada pelos efeitos da morte e leva o homem a agir da forma contrária ao querer do Pai. Hoje, precisamos lutar contra a vida da alma, que por vezes, pode até nos levar a ter boas atitudes, mas que podem ser ainda assim artimanhas malignas. Porque usar o conhecimento do mal e também do bem provém da mesma árvore, mesma fonte.

OS PERIGOS DO LADO BOM DA ALMA

Por consequência de o homem ter pecado, Deus expulsou Adão e Eva do jardim do Éden. Após isso, eles tiveram dois filhos. Provavelmente já ouvimos essa história por diversas vezes, mas precisamos atentar para alguns detalhes. Como foi descrito anteriormente, a vida da alma surgiu e passou a usar a alma do homem de maneira errada.

Vemos isso na história de Caim e Abel, onde na qual eles prepararam ofertas ao Senhor, porém Deus não se agradou de Caim e de sua oferta, ao passo que de Abel e de sua oferta se agradou. Podemos, ao olhar com os olhos naturais, achar que Deus foi injusto com Caim pois este labutou em trabalho pesado e deu o melhor de seu labor ao Senhor. Porém, Deus não deseja nada que venha de nosso esforço natural, proveniente de nós mesmos. Caim usou seu lado bom da alma.

Precisamos nos lembrar que o bem e o mal pertencem a uma mesma árvore. Aquilo que não vem da videira verdadeira, da arvore da vida, não agrada a Deus. Quando optamos por fazer a vontade de nossa vida da alma, sem nos voltar ao Senhor para receber a instrução no espírito, somos enredados pelo engano de Satanás e fortalecemos ainda mais essa vida que é alheia a Deus.

Podemos ver que Deus realmente tomou a atitude certa para com Caim quando olhamos a atitude de caim após ser rejeitada a sua oferta. Caim se revoltou. Provavelmente ele se achava mais merecedor do que seu irmão, pois havia trabalhado mais, suado mais. Tornou defensor de si mesmo e irou-se. Precisamos atentar para isso, quanto mais analisamos e procuramos argumentos para nos defender, mais desagradamos a Deus e nos distanciamos de Sua vontade.

Abel tinha um serviço aparentemente mais leve do que o de seu irmão, pois era pastor de ovelhas. Talvez não precisasse acordar cedo, nem fazer grandes esforços. A atitude de Caim deveria ter sido de arrependimento, porém ele se rebelou ainda mais e atentou contra a vida de seu irmão. Esse é o resultado de alimentar mais a vida da alma que o espírito, morremos espiritualmente e levamos morte.

A ira, a insatisfação, a inveja e demais sentimentos como esses começam em nosso interior como sendo inofensivos, porém precisamos ir ao Senhor e pedir para que Ele os elimine de nós, pois quando estes são alimentados provocam grandes estragos a nós e a todos que nos rodeiam. Que nosso desejo seja de entregar ao Senhor o que Ele deseja, deixando nosso querer completamente de lado.

Jesus é o Senhor!

Texto inspirado nos capítulos 3 e 4 do livro Os Grandes Diamantes da Bíblia.