De limite em limite

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Após muito caminhar, finalmente cheguei até aqui: um novo limite.

Foram diversas as paisagens pelas quais passei, encontrei desertos quentes e secos, montanhas desafiadoras. Também encontrei rios e campos maravilhosos, abundantes e cheios de vida.

Quão esplêndido é o caminho da fé,  nos faz caminhar por lugares que jamais pensaríamos em conhecer, nos faz passar por muralhas que jamais teríamos a capacidade de saltar. Foi assim que aconteceu nessa última viagem. De repente, logo ali, uma grande muralha. Não esperava encontrá-la…

– Aqui, Senhor? Na chegada dessa etapa? Como atravessar? – pensei. Então, a Palavra não somente mostrou, mas iluminou!

Na sua segunda carta aos Coríntios, Paulo diz que “com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem” (3:18).

Até aqui, assim como você que está lendo esse texto, nos últimos tempos fui transformado e, felizmente, continuo sendo. Estou em obras. Até aqui, muitos véus foram retirados. E assim será, de glória em glória, até que não seja a minha face, mas a do glorioso Amado resplandecendo em mim. Que honra!

Devo dizer que Deus falou comigo e estas palavras “de glória em glória” ganharam ainda mais significado! Tudo isso porque a glória estava mais próxima, o Senhor estava mais perto, sua presença mais constante, o novo limite a frente. É em busca da glória do Senhor que superamos cada um dos nossos limites naturais e humanos.

Foi por isso que Pedro exultou, mesmo sabendo que, quando necessário, teria que passar por situações de provação. Contudo, estava claro, tudo era para provar o valor da fé. Até o grande dia da aprovação, da glória e da honra. Até o dia em que teremos a mais preciosa e verdadeira fé (1 Pe 1:4-9).

Mas até chegar ao destino, há um caminho. Há obstáculos. Há limites. Eis a temida muralha.

Muitas vezes, em nossa caminhada com o Senhor, nos esquecemos que, da parte Dele, as muralhas não estão lá para barrar a nossa passagem, sequer estão lá para dificultar a nossa vida. Elas aparecem para que o próprio Senhor nos faça atravessá-las. Essa é a verdadeira provação.

Aquele que contempla ao Senhor, o crente que está a admirá-Lo, esse ama a presença do Pai. Por amá-Lo, aquela não será somente uma grande muralha imposta pelo inimigo de Deus. É, na verdade, a oportunidade de experimentar mais do amor do Pai, de conhecê-Lo. É um novo momento na presença do Amado. É o novo limite ultrapassado. É o ego que foi destruído. Mais uma das muitas vontades naturais substituída pela divina. É o coração corrupto sendo trabalhado e purificado.

Realmente, não parecia fácil. Por que não era somente a muralha, havia peso demais para saltar e pular. Havia desejo demais para abrir mão. Havia o ataque feroz de Satanás. Mas o justo só pode viver pela fé (Rm 1:17).

Então, após muitas tentativas frustradas, aquela muralha tão grande e confusa de se ultrapassar ficou para trás. Após muito duvidar, após entregar, mas no fundo achar que poderia fazer algo e que dependia de mim. Foi somente quando o ego teve final, quando não havia mais nada que eu pudesse fazer, foi ali que Deus mostrou que é Ele quem faz. E  realmente fez.

Não foi do meu jeito e graças a Deus por isso! Muitas vezes, quando o nosso coração crê que já foi totalmente tratado, Deus nos coloca a prova para vermos que ainda necessitamos de transformação. Isso é Deus não desistindo de nós, mesmo quando não percebemos isso. Esse é o tratar que, de glória em glória, faz com que nos pareçamos mais com Ele. De limite em limite, chegamos mais perto. De fé em fé, vivemos. Nele confiamos.

Que assim como na experiência de Abraão, aprendamos a colocar a nossa confiança no Senhor. Somente após de fato colocar a sua fé em Deus, não em seu esforços naturais, somente depois que Abraão de fato não podia fazer nada, foi que Deus operou. E naquele momento, mesmo sabendo que seu corpo era de idoso, pois já tinha quase cem anos, ou até mesmo quando lembrou que Sara não podia ter filhos, a sua fé não foi enfraquecida. Ele não perdeu a fé, nem duvidou da promessa de Deus. A sua fé o encheu de poder, e ele louvou ao Senhor porque tinha toda a certeza de que Deus podia fazer o que havia prometido (Rm 4:18-21). Aleluia! Esses somos nós? Mesmo quando sem motivos para ter esperança, mesmo quando uma muralha parecer grande demais, mesmo quando moídos, que tenhamos esperança e fé. Foi por isso que Abraão passou por tais limites, por isso Deus fez dele o pai de muitas nações.

E quanto a nós, mesmo que hoje os sofrimentos sejam grandes e duros, mesmo que por um momento não tenhamos esperança de escapar, não podemos nos esquecer: tudo acontece para que aprendamos a confiar não em nós mesmos e sim em Deus, que ressuscita os mortos. Nele colocamos a nossa esperança. Nós temos fé no Senhor que foi à rude cruz e ressuscitou (2 Co 1:8-10). Por isso, caro leitor, não desanime, pelo contrário: mesmo que o seu homem exterior se corrompa, deixe o seu homem interior se renovar de dia em dia. Porque a a leve e momentânea tribulação produz para você um eterno peso de glória, acima de toda comparação (2 Co 4:16-17).

Louvado seja o Senhor!