Foi assustador!

Um homem entrou pelo aprisco, mas não pela porta: ele pulou o cercado! Não reconheci sua voz. Ela não era doce e suave como a do meu querido Pastor. E aquele olhar… Aquele olhar não me trazia paz!

Após entrar, aquele que não era meu Pastor, me roubou do aprisco. Ele não me colocou sobre os ombros como meu Pastor o faz, mas, de qualquer jeito, me levou para fora, pulando novamente o cercado e eu cai. Ele me pegou de novo, de qualquer maneira, me machucando e corria apressadamente. Eu estava com muito medo, com uma ansiedade que não cabia dentro de mim, e isso, tanto mais quanto ele dizia ofegante: “roubar, matar e destruir. Roubar, matar e destruir.”.

O que de fato ele me faria? Tudo parecia perdido. Meu coração faltava-me saltar pela boca e meu íntimo desfalecia por saudades do meu Pastor. Mas, àquela altura, como poderia Este me achar? Será que, em meio a tantas ovelhas, sentiria minha falta? Já estávamos tão distantes e nenhum lugar daqueles em que passávamos parecia-me similar aos locais verdejantes em que meu Pastor me levava para que eu me alimentasse e descansasse…

Quando pensei que tudo não podia estar pior, avistei algo ao longe igualmente desesperador: um lobo horrendo, terrível! Parecia-me faminto! Mais uma vez, fui derrubada no chão. O mau homem nem me olhou, mas corria velozmente para salvar-se da fera. Perdi todas as forças, continuei no chão e fechei os olhos; eu, pequena ovelha nada poderia fazer. Esperava naquele momento pelo meu fim.

Todavia, inexplicavelmente, algo dentro de mim incomodava-me para que eu balisse. Bali fraquinho uma vez e continuei balindo fraquinho… Com o tempo, ainda de olhos fechados, fui aumentando o tom do balido e quanto mais o medo me angustiava, mais eu balia. Era a única coisa que eu podia fazer. Eu ouvia o barulho das patas do feroz animal correndo na grama na minha direção e quando eu percebi que ele estava quase diante de mim, ouvi: “Minha ovelha!!!”.

Aquela voz fez meu coração acelerar tão fortemente! Muito mais forte que quando fiquei assustada com o sequestro daquele homem mau. Mas não era um acelerar de medo ou desespero. Aquela voz deslumbrante tinha um timbre único! Como confundi-la? Ela revigorou minhas forças, fez-me lembrar que eu tinha um dono que se preocupava comigo, conhecia-me e chamava-me pelo meu nome! Não consegui ouvir nem perceber mais nada. Essa voz simplesmente prendeu toda a minha atenção, paralisando, na minha percepção, tudo ao meu redor.

Aos poucos, meu coração foi acalmando, a respiração voltava ao normal e o desespero se esvaia, fazendo-me sentir totalmente liberta. Quando finalmente consegui voltar à atenção ao momento, vi que Ele, meu adorável Pastor, tinha matado o lobo perverso. Ele fitou os olhos em mim e começou a abrir um sorriso inesquecível! Ah… Lembrei-me imediatamente do sol que, em seu nascimento,traz esperança para o dia, dando-o aquecimento de forma suave, até que, caminhando pelo céu, chega aos poucos ao seu esplendor, onde transmite seu calor intenso. A luz do sorriso do meu Pastor brilhava naquele momento desta maneira para mim! Que alívio! Ele agora me acariciava, perguntava-me se eu estava bem, dava-me água para beber e dizia-me que me levaria de volta ao lar para me curar. O Pastor me colocou em seus ombros com suavidade, como sempre o fez, e andava com passos cuidadosos para que eu não caísse. Ia cantando uma canção que penetrava profundamente meus ouvidos e, uma vez mais, fazia-me palpitar o coração. Era uma canção de amor! Fechei os olhos, fiquei sentindo o vento correndo leve e refrescantemente em nossa direção. Por fim, lembro-me somente que adormeci. Adormeci sentindo-me tão bem por ter sido salva pelo meu amado Pastor! Ele é sem dúvida Aquele que me ama incomparavelmente…

Eu, a ovelha roubada

Essa história foi escrita em uma manhã em que eu me encontrava como a ovelha descrita acima. Sentia-me roubada pelo cansaço, pelo medo, pelas dúvidas. Não tinha forças, mas sabia que O Senhor podia trazer-me salvação. Foi então que comecei a chamar pelo Pai! Em certo momento, escutei ao longe, literalmente, balidos de ovelhas! Fiquei em silêncio, ouvindo.  Aqueles sons ressoavam de forma doce no meu coração, lembrando-me de uma passagem muito especial: João 10. Abri nessa referência e comecei a ser liberta dos meus pesares. O Senhor foi me contando através da leitura, a forma como Ele, diferentemente do ladrão, cuidava das Suas ovelhas, dos Seus filhos amados.

Todos aqueles sentimentos ruins haviam entrado no meu coração, mas não pela porta. O ladrão, que é Satanás, trouxe tais sentimentos para mim sem nenhuma autorização. Mas O Senhor jamais faz isso. Quando O nosso Pastor entra, Ele não pula cercados, ou entra por buracos: Ele entra pela porta (10:2). Entra com suavidade, e ao contrário do ladrão que traz pesar, Ele traz extrema alegria para o Seu querido rebanho. Ele não é estranho no meio das Suas ovelhas. Pelo contrário, Ele chama cada uma delas pelo nome! Elas ouvem a Sua voz, a reconhecem, e são conduzidas para fora do aprisco. Ele espera pacientemente cada uma delas sair pela porta, porque se preocupa com que todas sejam cuidadas (10:3-4). Após isso, ele vai à frente para conduzi-las pelo caminho e então as leva ao verdadeiro descanso! Fora do aprisco O Senhor dá às suas ovelhas refrigério e alimento (Sl 23:1-3)!

E se, nesse ambiente, houver algum predador? Bom, se houver um predador, o Pastor, que não é um mercenário, dá a vida pelas ovelhas (10: 11-13)! O Senhor não se esconde do mal que tenta nos cercar diariamente. Ele nos protege e nos guarda sem em nenhum instante esmorecer (Sl 121:3-5; 23:4)! Ele nunca pensa em fugir e nos deixar sós. E ainda que uma só ovelha se perca, Ele a busca até que a encontre (Mt 18:12-14; Lc 15:3-7)!

Como entender um amor tão grande assim? Diante de quem O Senhor é pra nós, só podemos agradecer por termos sido chamados para fazer parte desse precioso rebanho! Não tenho como deixar escrita a alegria que O Senhor me trouxe naquela manhã, mas, me senti tão bem… Tão segura! Após a leitura, o coração já estava sereno e confiante porque O Pastor estava presente me acariciando. As lágrimas já não eram de pesar, mas de muita alegria! Não ouvia mais o medo e as angústias. Ouvia ainda somente o maravilhoso balido de algumas ovelhas que Deus usou para que me lembrar do Seu infinito amor por mim!

Conclusão

Querido jovem, a experiência de sentir-se “roubado” pode ocorrer com qualquer um de nós. Mas temos um Pastor que cuida de nós de forma muito íntima. Talvez você não se sinta com forças suficientes para voltar às águas de descanso, mas há uma notícia muito boa: quando chamamos pelo Pastor, Ele vem! Sei que, assim como na minha experiência, você pode “balir”, mesmo que de início seja um pouco difícil. Tente balir fraquinho, por fé mesmo. O Senhor, nosso Pastor, é O Espírito que dá vida. No versículo 10 Ele diz que veio para que tivéssemos vida e vida em abundância! Quando chamamos O Senhor, Ele imediatamente vem, pois ama a nossa presença! Ele não resiste a um balido sincero das ovelhas que Ele ama e conhece profundamente…

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão.” Jo 10:27-28