Eu amo o livro de Eclesiastes. Eu o leio, releio e reflito constantemente nas palavras de Salomão, um homem que experimentou de tudo que o mundo pode oferecer, das muitas posses (12:1-11), aos muitos trabalhos (12:18-26), até a muita sabedoria (1:12-18), mas descobriu ser tudo em vão.

Salomão ainda viu certas loucuras no mundo. Viu que o homem é insignificante diante da grandeza do universo (1:4-11); que na muita sabedoria há tristeza (1:17-18); assim como viu a aleatoriedade e as muitas injustiças do mundo (8:10-17; 9:11-16).

No fim, ele percebeu que tudo é vaidade (1:2) Mas que é vaidade? Eu nunca compreendi completamente o que Salomão queria dizer com essa palavra. A vida é apenas aparência? Um aglomerado de nada maquiado de realidade? Se sim, qual o sentido de… bem, qualquer coisa?

Meu primeiro encontro com esse livro me levou (por minha própria culpa) a um pensamento quase niilista sobre o mundo. Eu pensava: “Tudo é vaidade, então nada faz sentido, nada tem valor”. Que pensamento tolo! Com o tempo e pela misericórdia do Senhor eu pude compreender melhor as verdades desse maravilhoso livro.

Minha primeira descoberta foi sobre a própria palavra vaidade. Sendo admirador de várias versões da Bíblia, encontrei as seguintes traduções para essa palavra: vaidade (ARA, NAA e ARC), ilusão (NTLH), useless, que quer dizer inútil (GNT) e meaningless, que quer dizer sem sentido, sem significado (NIV). Isso acabou me deixando ainda mais confuso, então recorri ao original hebraico e encontrei הבל, ou hãvel, cuja tradução, ainda que seja difícil de indicar com completa precisão, pode ser entendida por: “vapor, sopro, bolha, enfim, qualquer coisa quase invisível que logo desaparece” (nota de rodapé da Bíblia Shedd).

Isso me ajudou bastante, mas ainda não era suficiente. Saber o que significava hãvel era como ter a chave do livro, mas não saber onde fica a fechadura. Certo, os prazeres da vida tem aparência bela, mas são vazios e logo se findam. Mas é só isso?

Graças ao Senhor porque eu encontrei fechadura: “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim” (3:11). Aleluia! Deus pôs a eternidade no coração do homem!

Agora tudo fica claro. Não é que as coisas desse mundo (as lícitas, como trabalho, estudos, posses etc.) não tenham valor algum, mas o que está no coração do homem é a eternidade! Nada que seja hãvel terá condições de encher tanta coisa. Se o homem passar a vida buscando somente essas coisas ele permanecerá eternamente vazio.

Amado, isso nos foi dito em Deuteronômio 8:3b e repetido pelo Senhor Jesus em Mateus 4:4: “para te dar a entender que nem só de pão viverá o homem, mas de tudo que procede da boca do SENHOR viverá o homem”.

Sabe o que procede da boca do SENHOR? O próprio Cristo, que é o Verbo feito em carne (Jo 1:1,2,14). Ele é o verdadeiro pão! (Jo 6:32-35). É Ele o único capaz de preencher a eternidade no coração do homem.

Eu fico incomodado em pensar que Salomão viu tudo isso, que tudo era hãvel, que nada jamais o preencheria, mas nunca conseguiu desfrutar das riquezas deste Cristo maravilhoso.

E você, jovem, tem desfrutado de qual pão? Hãvel ou Cristo? Você tem valorizado mais a leitura da Bíblia e a comunhão íntima com o Senhor ou várias formas de hãvel?

Eu, por exemplo, tenho grande prazer na literatura fantástica. Não foram poucas as vezes em que eu li intensamente livros de trezentas a pouco mais de mil páginas, sem, contudo, ter algo próximo do mesmo desfrute que o tenho nesse pequeno livro de Eclesiastes, que não possui mais que doze páginas em minha Bíblia. No fim, só a Palavra de Deus pode nos preencher. Só ela acaba com nossa aflição de espírito (Ec 1:17 ARC). Coma dessa palavra, jovem! Coma de Cristo!

Eu ainda tenho um último apelo com esse texto: todo aquele que não conhece esse pão vive comendo apenas hãvel. Enche, dia após dia, sua “barriga” de vapor e nada mais. Que tal orar por essas pessoas? Que tal mostrar esse pão a elas? Você com certeza conhece alguém nessa condição, talvez seja até alguém próximo a você. O que o impede de apresentá-lo a essa realidade? Nunca se esqueça de que todo aquele que não conhece a Cristo permanece eternamente vazio.