Lembro-me de quando Tu, querido Noivo, surpreendeste-me com a declaração de amor mais linda que já vi. Jamais me esquecerei do momento em que Tua doce voz me disse: Eu te amo”!

Meu coração se derreteu em amores, e eu também disse que Te amava. Eu conseguia sentir Tua presença a todo momento e enxergava, em cada coisa criada ao meu redor, Tua sabedoria e poder. Tu eras o meu melhor amigo e conhecia exatamente o que se passava em meu coração. Quando eu chorava, Tu eras o meu consolo. Tu também eras a principal fonte de minha alegria. Simplesmente vivíamos em nosso primeiro amor, só Tu e eu, e nada nem ninguém estava entre nós.

Mas o tempo foi passando, e meus sentimentos por Ti foram mudando. Aos poucos, de forma sorrateira, meus olhos voltaram-se para outros amores. Ainda Te amava, mas meu coração já não era apenas Teu. Foquei em alguns sonhos, projetos e pessoas; deixei de dar-Te atenção exclusiva. Estava tão sobrecarregada oferecendo meu melhor para conquistar minhas metas, que até cheguei a questionar se realmente Teu amor era tudo de que precisava. Como eu Te feri!  

Eu me afastei, mas permaneceste o mesmo, desejando-me e tendo-me como única em Teu coração. Tu precisavas ter-me de volta! Até que, não suportando mais, Tu foste drástico. As lembranças de minha afeição, de meu amor enquanto noiva e de como Te seguia por onde quer que fosses ardiam em Teu coração (Jr 2:2).

Então, Tu paraste o meu mundo e abruptamente me atraiu para o deserto, em uma terra na qual não se semeia (Os 2:14, 16). Naquele vale da sombra da morte, todos os meus amantes e ídolos me deixaram. Destruíste tudo o que me levou a abandonar o primeiro amor (Ap 2:4-5). Enquanto eu chorava sem entender o motivo de toda aquela dor, Tu só pedias a mim uma coisa: “Não murmures, pois tudo isso é para o teu bem. Eu ainda te amo!”.

Eu via apenas meu caminho cercado por espinhos; os muros ao meu redor eram tão altos, que nem sequer encontrei retorno para a tão sonhada vida abundante que antes buscava (Os 2:6-7).

Contudo, apesar de toda a dor, fiz calar minha alma e ouvi Tua voz (Sl 131:2). Então, mostraste o quanto me amava e quais planos tinha para nós. Em meio ao caos, assegurou-me de que as montanhas podem até desaparecer e os montes, se desfazer. Teu amor por mim, porém, jamais acabará, e nossa aliança de paz jamais será quebrada (Is. 54:10).

Naquele momento, entendi que, embora aos meus olhos minha situação fosse a de uma desfavorecida, e mesmo que já não me sentisse como parte de Teu povo abençoado (Os 1:6, 9), Tu querias restaurar minha sorte e amar-me para sempre (Os 2:19-23).

Apesar de minha idolatria, Tu me perdoaste. Sei que não posso confiar em meu coração (Jr. 17:9), mas agora sinto que estou liberta dos tantos amores errôneos que me distanciaram de Teus braços! Com isso, reconheci que somente Tu, querido Noivo, és o único Deus em cima nos céus e embaixo na terra (Js 2:11b). Agora, meu coração é outra vez exclusivamente Teu!

Desde então, deixei que  trabalhasses em mim para que, em nosso grande dia, eu seja apresentada ao universo como Tua noiva gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito (Ef. 5:27). Todos os dias, quando eu acordo, é Tua voz que me desperta (Ct. 2:10). Voltei àquela condição inicial, onde sinto Tua presença e sei que a terei por todos os dias, até a consumação dos séculos (Mt. 28:20b). Em meu novo normal, enquanto estou no campo ou no moinho (Mt. 24:40-41), sinto Teu abraço (Ct. 2:6), mesmo quando estou diante do mais árduo desafio. A cada momento, ouço Tua voz (Ct. 2:8) dizendo-me que Tu estás cada vez mais próximo de retornar e me desposar.

Se antes Te traí, hoje sou fiel. E meu único desejo é desfrutar de nosso amor forte, invencível e eterno (Ct. 8:6-7).  

Recentemente, surgiu em mim o temor de conhecer um novo amor que me afastasse mais uma vez de Ti enquanto peregrino nesta terra passageira. Entretanto, escolho abrir mão desse receio. Afinal, o nosso amor é perfeito e nele não existe nenhum medo (1 Jo. 4:18).

Confio em Teu zelo, meu Amado, e sei que nada poderá separar-me de Teu amor (Rm. 8:35). E agora, não somente Te amo, mas também amo Tua volta. Estou Te esperando. Por favor, não demores!

E me vais sempre ter, que me digas: Tu és meu! E Te vou conhecer, que eu diga: És meu Deus!

Vestígios desse amor – 288 Worship