EVE entrevista Rebeca Ma [parte 1] | Pais, sogros e casamento

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Nós cristãos, que congregamos, estamos rodeados por presbíteros, pastores e mestres, mas muitas vezes não notamos ou consideramos adequadamente suas esposas. Ser uma cooperadora idônea não é perder sua identidade em detrimento do marido, mas de fato auxiliar e ser auxiliada; pois o casamento é uma via de mão dupla de amor e respeito. Com esse encargo, iniciamos a série “Cooperadora Idônea”. Nosso objetivo é mostrar questões diversas do cotidiano de um casal cujo coração é servir ao Senhor. Entrevistamos irmãs maduras e buscamos conhecer o perfil que queremos como modelo para nossas vidas.

A amada irmã que vai nos encorajar desta vez é a Rebeca Ma, casada com o irmão Miguel Ma. Eles são de Uberaba em Minas Gerais. Para que você não perca nada, essa entrevista foi dividida em cinco partes. A primeira, que você vai ler hoje, abordará a questão dos pais, sogros, casamento e a vida de solteira. Nossa conversa foi longa e repleta de muita ajuda!

Começamos conhecendo um pouco sobre a Rebeca e o casal.

EVE: Rebeca, sabemos que você é chinesa. Há quanto tempo você mora no Brasil?

Rebeca: Há 36 anos, o mesmo tempo em que eu e o Miguel nos casamos.

EVE: Vocês têm filhos?

Rebeca: Sim, dois filhos. A Priscila, que é a mais velha, e o Josué.

EVE: Qual é a sua formação?

Rebeca: Eu fui para a faculdade de artes plásticas, mas não me formei. Eu tranquei quando me casei com Miguel e nunca mais voltei.

EVE: Não acredito! Artes plásticas, que legal!

Rebeca: Eu amo arte. Às vezes o Miguel  brinca: ela está fazendo arte! (Risos).

Eu vos escrevi: Você trabalha ou já trabalhou fora?

Rebeca: Sim. Ajudei na parte administrativa da firma da família durante algum tempo, quando foi necessário.

EVE: E o Miguel?

Rebeca: O Miguel até hoje está trabalhando e não tem data para se aposentar (risos).

EVE: Qual é o trabalho dele e como o Senhor age nessa questão?

Rebeca: Agora ele está cuidando da direção da empresa, mas não cuida da parte operacional. Com certeza nisso o Senhor também vai à nossa frente, pois levamos todos os negócios diante do Senhor.  Não com a nossa capacidade, mas em oração, sentindo a direção de Deus. Ele constantemente ajuda os mais jovens a experimentar o Senhor, o princípio é o mesmo; muitas vezes a nossa capacidade natural quer conduzir como as coisas devem ser feitas e não dá chance para o Senhor fazer. Ficamos no “tem de fazer isso” ou “tem de fazer aquilo” e não damos chance ao Senhor. Mas, na verdade, o nosso Capitão é o Senhor. É Ele quem deve conduzir todas as coisas.

Agora que conhecemos um pouquinho sobre o casal, vamos à primeira parte da entrevista. 

[divider]início da parte 1[/divider]

EVE: O relacionamento que você tinha com seu pai, interfere ou interferiu no seu relacionamento com o Miguel?

Rebeca: O meu pai falava “O casal passará por brigas: ‘o dente que está sempre tão próximo da língua às vezes morde a língua’. Mas não deve ter uma briga feia. Devemos sempre pedir perdão e voltar”. E essa frase foi meu pai que me disse. Eu não tive a ideia de que “ahhh… casamento é o túmulo”, mas também não pensei que casamento é mil e uma maravilhas. Os meus pais sempre me ensinaram a esperar no Senhor e naquela época eles me falavam: “Espera no Senhor, Cristo é a base do casal”.

EVE: A base antes e depois do casamento…

Rebeca: Amém. Exatamente. Porque o casamento não é o túmulo ou o fim, é só o início. É um jardim de Deus e nós temos de cultivar. Se um jardim é cultivado, ele fica lindo. E se você não cultivar, mesmo que hoje seja lindo, um dia se tornará um desastre. Meu pai me ensinou muito. Quando vocês se casam, não vivem sozinhos, é um casamento entre duas famílias. Vocês têm que entender que as duas famílias são diferentes. Não se deve tomar posse de tudo. Sem querer nós usamos aquele “eu sou o centro”, “você tem que me entender mais”, “compadeça se de mim mais um pouco”.  Pelo contrário, você se casou com ele, então você o ama mais do que a si mesma, você tem de entendê-lo mais, tem de ver não apenas o seu lado, mas também o outro lado.

EVE: E quando se tem filhos?

Rebeca: Quando as crianças nascem isso deve ser ampliado para toda a família. É bem diferente do que o mundo ensina. Também precisamos saber como dar passos iguais. Se ele dá passos largos, você tem que aprender a ir com o passo largo. Se ele der passos lentos, você diminui um pouco também. São duas pessoas caminhando juntas.

EVE: No mundo, a gente ouve muito falar que lidar com os sogros é um negócio muito difícil. Existe algo que é realmente difícil? Qual é essa dificuldade e como lidar com ela?

Rebeca: O mais difícil são os conceitos que nós, seres humanos, criamos. Precisamos ter muito cuidado com as palavras e atitudes. O relacionamento entre pais e filhos é diferente do relacionamento entre sogros e genros ou noras. Cada família tem seu ambiente e tradição. Uma mesma frase  gera resultados diferentes . mas eu acho que sempre devemos respeitar os sogros assim como respeitamos nossos pais.

EVE: Trocando um pouco de assunto… Creio que muitas irmãs já se perguntaram sobre isso: Ainda na fase em que está solteira, a mulher pode tomar iniciativa para começar um relacionamento?

Rebeca: Em princípio, nem o irmão e nem a irmã devem tomar a frente. É bom que eles falem com um irmão responsável (presbítero) que conheça a pessoa. Mas tem que saber com qual dos irmãos responsáveis falar, qual irmão sabe falar, tudo isso é delicado.

EVE: Mas se eu estou gostando de um irmão, eu posso chegar para um irmão responsável e falar: “Irmão, eu estou gostando do irmão fulano”?

Rebeca: Você pode falar com o irmão. Você também pode falar com a esposa do irmão responsável, irmã com irmã é mais fácil e é o adequado. Então, conversando com uma irmã mais crescida em vida diante do Senhor, você pode se abrir e falar sobre o sentimento, pedir oração, saber o que ela acha e ela vai falar com marido dela. Normalmente são eles que conhecem mais os jovens, que conhecem mais os irmãos. Em princípio, não estou falando que sempre será assim, Deus conduz cada um de modo diferente, mas em princípio é bom falar com um irmão responsável.

EVE: E se o irmão for contra?

Rebeca: Então, se ele for contra, não siga em frente e nem precisa perguntar o porquê, tá? (Risos). Você pode até orar pra Deus: “Deus, se possível muda o coração dele”, Deus pode mudar, mas não siga em frente sozinha, não vá. Também não é bom dois jovens começarem sem os pais saberem. Se o pai já é irmão responsável, já conte para os pais e eles vão orar, porque a bênção dos pais é muito importante, muito importante mesmo. Sem querer, o jovem tem uma maneira de pensar e de orar, e adulto tem outra forma, por isso tem conflito.

EVE: Como saber se estou orando “errado”?

Rebeca: Na vida da igreja, não entra a questão do certo e o errado, entra principalmente Cristo e a Unção, por isso a comunhão é  importante. Minha mãe sempre ora muito para outras irmãs, porque ela pensa assim: “Eu posso orar para as minhas filhas, mas tem irmãs que não tem pais para orar por eles, então eu oro por elas”. Minha mãe tem muito encargo, podem deixar seus nomes anotados aqui (pausa para anotar nomes e risos), de verdade.

EVE: Mas o que uma jovem solteira pode fazer se tiver sentimento por um irmão?

Rebeca: Primeiro, falar com os irmão responsáveis e com os pais. Se eles aprovarem , tudo bem.  Se há um irmão que você sente que foi o Senhor que colocou o sentimento no seu coração, você pode tentar saber Dele e orar: “Senhor, eu falo ou não falo?” – talvez no meio da sua oração, você receba a notícia de que ele está com alguém. Se isso acontecer, então não precisa nem falar. Isso quer dizer que ele não é para você, tá? E Deus vai se manifestar nas situações. Parece que tem muitos irmãos e muitas irmãs na igreja, mas quando chega o tempo de casar, todos os irmãos e todas as irmãs desaparecem (risos). Creio que esse momento é muito crucial. O que quero dizer é que não tenham pressa e não tenham medo, ore: “Senhor, se for , se o Senhor falar sim, eu digo amém. Se não for, se o Senhor , falar não,então eu digo não”. É um momento muito crucial e não se pode errar, jamais!  Não se pode procurar novamente, pois no casamento você não tem segunda chance. Na vida da igreja é assim. O princípio é que casamento  só uma vez. Felicidade é um jardim que nós cultivamos o máximo possível.

[divider]fim da parte 1[/divider]

Louvado seja o Senhor! Hoje conhecemos um pouco sobre o relacionamento da irmã Rebeca com seus pais e sogros e tivemos a oportunidade de aprender princípios muito sábios sobre o casamento e o período que o antecede. No próximo trecho da entrevista, vamos conferir alguns dos desafios que a entrevistada e seu marido enfrentaram como um casal que serve a Deus. Está imperdível! Aguarde.