Jovem, o que te fascina? O que te chama a atenção e detém seu foco? Este texto apresenta a fascinação como um dos maiores problemas de um cristão; e, para demonstrar seus prejuízos, utiliza o exemplo do maior acidente radioativo do Brasil. Desejamos que, após a leitura, você seja encorajado a olhar na direção correta.

A epístola de Paulo aos Gálatas evidencia nosso maior problema: a fascinação

A epístola de Paulo aos Gálatas possui como destinatários os irmãos que residiam na região da Galácia. Nessa epístola um dos textos mais significativos e que melhor retrata a situação daquele grupo de crentes é o seguinte: “Ó insensatos gálatas! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi evidenciado, crucificado, entre vós?” (Gálatas 3:1).

No trecho, Paulo faz uma pergunta e utiliza uma palavra intensa. Paulo quer saber quem fascinou os gálatas. Sabe-se que, segundo o contexto da época, os irmãos daquela região estavam sendo influenciados a retomar práticas do antigo testamento e que haviam se tornado ultrapassadas frente ao que Deus havia preparado para o novo testamento. Portanto, Paulo, depois de apresentar toda a vida nova de Cristo, manifesta a sua indignação e pergunta: “Quem vos fascinou?”.

Fascinação é uma palavra forte. Alguns dos seus sinônimos e explicações são: dominar por encantamento; prender com feitiço; encantar; deslumbrar; iludir; atrair irresistivelmente; beleza que fascina. Paulo utilizou esse vocabulário para chamar a atenção dos irmãos e ajudá-los a retomar o foco em Cristo. Essa característica dos gálatas evidencia nosso maior problema: a fascinação.  

Os prejuízos da fascinação podem ser ilustrados pelo maior incidente radiológico do Brasil

Para ilustrar quanto prejuízo a fascinação pode causar na vida de um cristão, usaremos o exemplo do maior acidente radioativo do Brasil, que aconteceu há 28 anos, na cidade de Goiânia. Veja a história a seguir:

Tudo começou quando dois catadores invadiram uma propriedade hospitalar e, no intuito de lucrar com a venda de metal, roubaram uma máquina que estava abandonada no local. Após ser vendida, o proprietário do ferro velho começou o desmanche e notou que existia uma cápsula com pó branco, semelhante ao sal de cozinha. Surpreendentemente, a cápsula possuía propriedades “sobrenaturais”, pois o seu conteúdo brilhava no escuro.

Fascinado, o dono do ferro velho levou o pó para sua residência, chamou os amigos, distribuiu entre eles e ainda descuidou de sua sobrinha, que acabou ingerindo um ovo preparado com o pó. Em poucos dias, a esposa do dono do ferro velho viu os amigos e a criança adoecerem. Pensaram que se tratava de uma virose, inclusive, os médicos tratavam os sintomas como se esse fosse o diagnóstico final.

No entanto, a criança adoeceu gravemente e a esposa do dono do ferro velho pensou que, talvez, tudo estivesse relacionado com o pó branco. Assim, coletou uma amostra e levou para a vigilância sanitária da cidade. Após análise, descobriram que o pó era Césio 137, um elemento químico radioativo. Nesse contexto, iniciava-se o maior acidente radiotivo do Brasil.

As primeiras medidas foram isolar as pessoas, pertences e fornecer tratamento adequado aos afetados. No entanto,  algum tempo depois, algumas pessoas vieram a óbito, devido a radiação liberada pelo material ser prejudicial à saúde. A primeira a falecer foi a sobrinha do dono do ferro velho (apenas 6 dias depois da contaminação). A esposa do dono faleceu um mês depois da contaminação e o dono do ferro velho, 7 anos depois.

Após o incidente, 11 pessoas faleceram e cerca de 600 pessoas foram contaminadas (as quais, até hoje, passam por tratamento). As atividades de descontaminação produziram mais de 13 mil toneladas de lixo nuclear. Entre os dejetos, estão incluídos materiais de construção provenientes da demolição dos edifícios contaminados, animais, plantas, fragmentos de solo e roupas.

Os resíduos foram armazenados em um depósito construído em Abadia de Goiânia, cidade próxima da capital. O depósito é coberto de camadas de chumbo e concreto, que mantém a radioatividade isolada do meio ambiente. (Leia os detalhes clicando aqui).

Depois de ler a história, há um detalhe a acrescentar: a quantidade de material radioativo era de apenas 19g – o que equivale ao peso de uma barra de cereal. Dezenove gramas de “fascinação” produziram 11 mortes, 600 contaminados, 100 mil pessoas expostas à radiação e 13 mil toneladas de lixo nuclear. Uma pequena quantidade de fascinação pode gerar um grande estrago. Jovem, o que te fascina? Lembre-se de que, mesmo sendo algo pequeno, os prejuízos podem ser grandes.

Dezenove gramas de “fascinação” produziram 11 mortes, 600 contaminados, 100 mil pessoas expostas à radiação e 13 mil toneladas de lixo nuclear. Uma pequena quantidade de fascinação pode gerar um grande estrago.

A partir do texto também podemos ver que o inimigo é astuto para nos oferecer a morte disfarçada de algo que aparentemente é bom e lucrativo. Perceba que, muitas vezes, somos o dono do ferro velho que barganha com os catadores (que representa o inimigo de Deus). Pensamos haver vantagem e acabamos descobrindo uma cápsula de césio 137 em meio ao que adquirimos. Inocentemente, apresentamos aquilo às pessoas que conhecemos e amamos conduzindo-as ao envenenamento e à morte. Jovem, você consegue ver que é assim que o inimigo age conosco?

Além disso, os resultados da contaminação são tão duradouros que é necessário isolá-los em um local inacessível ao público. Isso serve de ilustração sobre a maneira como devemos lidar com o pecado e a vida da alma. Com relação a esses dois itens, precisamos manter todas as portas fechadas, cerradas e lacradas. Ou seja, no tocante ao pecado e à vida da alma, vale a regra do isolamento total.

Do brilho da morte à luz da vida

O encorajamento que surge é de retomar nosso foco em Cristo e no seu evangelho, pois suas boas novas são suficientes para garantir uma excelente vida humana e espiritual. Em conclusão, resta dizer que as outras coisas que brilham e nos distraem são apenas o brilho da morte (nome pelo qual o Césio 137 ficou conhecido) e que Cristo é a Luz da Vida. Por isso, olhe para Cristo, beneficie-se de sua luz, tenha vida e cresça! Que seus olhos saiam da fascinação do brilho da morte e sejam atraídos pelo crescimento que há em Jesus Cristo, a Luz da Vida.

[…] olhe para Cristo, beneficie-se de sua luz, tenha vida e cresça! Que seus olhos saiam da fascinação do brilho da morte e sejam atraídos pelo crescimento que há em Jesus Cristo, a Luz da Vida.


Texto inspirado no devocional “Alimento Diário”, série “Gálatas: A Filiação”, volume “A Obra do Apóstolo: Evangelizar”, mensagem 2 “Os Destinatários da Epístola: as Igrejas na Galácia”.