A intenção desse texto, amado jovem, é mostrar que todos precisamos de um modelo a seguir. Em uma família é bem clara essa necessidade. Os meninos, geralmente, possuem o pai como modelo ao passo que as mães são o exemplo a ser seguido pelas meninas. Quando as crianças começam a crescer, sonham com profissões e acabam adquirindo seus ídolos, pessoas nas quais se espelham e com quem desejam ser parecidas. Todas essas personalidades tornam-se modelos para o ser humano ao longo da vida.

Um outro exemplo é a profissão de modelador na qual cria-se modelos de determinados objetos que são rigorosa e exaustivamente testados. Na fase de produção precisam sair exatamente como o projetado, do contrário, se um milímetro ou grama estiver em desacordo, a peça deverá retornar à fase de criação. É a partir do modelo inicial, projetado com muito cuidado e empenho, com atenção aos mínimos detalhes, e ao qual se atribui perfeição, que todas as demais peças são “copiadas”.

Na Bíblia, a questão do modelo pode ser vista em Gênesis 1. Em sua criação, o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus (Gn 1:26). Se você ler essa passagem bíblica com cuidado, verá que o “a” da frase que faz referência a Deus, encontra-se craseado, como vemos: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem…”. Segundo as normas da língua portuguesa, a crase, empregada neste caso, tem sentido também de “para a”. Ou seja, essa mesma frase pode ser entendida como: “Façamos o homem para (ser) a nossa imagem…”. Vemos portanto, que em sua criação Adão foi criado para ser o primeiro “produto” seguindo a imagem do modelo. Infelizmente, após a perfeita “fabricação” um problema exterior afetou o ser criado: o pecado! (Gn 2:7-9, 15-17; 3:6-7, 22-24).

Adão foi criado para ser a imagem e semelhança de Deus de maneira exterior e interior, pois possuía corpo, alma e espírito (1 Ts 5:23). Entretanto, Adão necessitava se alimentar da árvore da vida constantemente para manifestar a vida de Deus. Mas ele falhou, desobedeceu, comeu da árvore do conhecimento do bem e do mal e, então, foi vencido pelo pecado.

Assim, Deus necessitava expressar o “modelo original” ao homem, para que este pudesse ter a quem se adequar. Sendo assim, como o modelo perfeito, Deus enviou Seu Filho Amado! Ainda que tivesse uma semelhança de natureza humana pecaminosa (Rm 8:3), Jesus não tinha pecado e possuía algo em seu interior que Adão não conseguiu se apossar e manter: a presença de Deus! Isso fez com que Ele mesmo se humilhasse, deixasse seu trono, passasse por provações, fosse testado para, por fim, ser aprovado, e receber um nome que está acima de todo nome (Fp 2:6-11). Jesus é o nosso modelo a ser seguido!

Dessa forma, apesar de Adão ter sido o primeiro homem a ser criado, não podemos confundi-lo com o modelo. O modelo ao qual Adão deveria se adequar é o divino (Gn 1:26). E hoje, esse modelo de forma prática é o Senhor Jesus! Jesus é Aquele que existe desde a fundação dos tempos. Por meio Dele foram feitas todas as coisas e, sem Ele, nada do que foi feito se fez (Jo 1:1-4 ; Cl 1 :15-17).

Mesmo com a necessidade de transformação e tendo um modelo para seguir, alguns de nós podem dizer que existem dificuldades, afinal, temos também uma natureza pecaminosa, a qual o apóstolo Paulo relata no livro de Romanos quando fala de corpo da morte (Rm 7:7-24). E então, o que fazer diante disso? O próprio apóstolo nos responde quando diz: “Graças a Deus por Cristo Jesus nosso Senhor: De maneira que eu, em mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado”.  (v. 25). Ainda que em nós haja muitos defeitos e impurezas, sempre podemos voltar à fase de produção para que sejamos mais parecidos com o nosso modelo: Cristo! Nessa fase, seremos transformados de encontro em encontro com o Senhor, e seremos conformados a Ele (2 Co 3 :18).

Jesus foi moldado em sua humanidade, forjado, trabalhado por meio de sofrimentos, tudo isso para que pudesse nos socorrer, ajudar e conduzir-nos à glória (Hb 2:9-10, 16-18; 4:15-16; 5:7-9). Hoje, de tal maneira, para sermos também aprovados, podemos passar por situações que irão nos lapidar e trazer perdas no que diz respeito ao nosso viver natural. Se queremos seguir o modelo de Cristo, certamente, teremos algumas aflições (Jo 16:33; 2 Tm 3:12). Porém, lembremo-nos, Deus está conosco em nossos sofrimentos! Aleluia!

Graças a Deus, mesmo em meio a um mundo tão cheio de modelos tortuosos, padrões distorcidos da verdade, temos um modelo, um padrão que outrora foi perdido com a queda por meio do pecado e o acesso a árvore da vida negado (Gn 3 :23-24), mas foi-nos concedido novamente mediante Cristo Jesus. Amado jovem, o segredo é buscar e depender do Espírito para seguir esse modelo do nosso irmão mais velho: Jesus!

A Bíblia mostra-nos que o último Adão (Jesus) foi feito espírito vivificante (1 Co 15:45) e que assim como trouxemos a imagem do que é terreno, podemos também trazer a imagem do que é celestial (v. 49). Se, porventura, existe em nós algum “defeitinho” que nos impede de ser úteis a Deus, podemos e devemos voltar à fase de produção. Essa fase pode ser revivida sempre que temos comunhão com Deus na sua Palavra, na oração, louvor e na comunhão com o Seu Corpo, a igreja, através das reuniões e cultos (1 Co 12 :27; Cl 1 :24; Ef 1 :22-23). Deixemos Deus trabalhar em nós, se necessário até mesmo com fogo para queimar nossas impurezas, e isso nos aproveitará, pois redundará na salvação da nossa alma (1 Pe 1:6-9).

Glórias à Deus, pois não estamos sem rumo, temos um modelo! Vamos imitar a Cristo (1 Co 11:1). Sejamos “cristos juniores”! Aleluia!