Primavera à vista

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Ainda é inverno. O sopro do vento gelado arrepia meu corpo cansado e também estremece minha alma machucada pelos golpes de fatos sobre os quais não tive controle. Eu, que antes considerava o outono e o inverno minhas estações favoritas, vi-me abatida ao enfrentar uma frente fria – uma das mais intensas do último século, que trouxe até neve para algumas regiões de um país tropical. Ainda é inverno, eu sei.

Mas algo dentro de mim ecoa de forma diferente, trazendo um sentimento oposto à realidade que vejo externamente. Acredito ser a tal esperança que não se limita a essa vida (1Co 15:19) e que me impulsiona a crer que, mesmo nas adversidades, posso ser a mais feliz entre todas as pessoas. O autor da vida é aquele que muda os tempos e estações (Dn 2:21a), alguém que jamais perdeu o controle das coisas. No outono, Ele tirou de mim o que eu, em minha cegueira, julgava ser essencial. No inverno, fez-me aprofundar minhas raízes naquilo que realmente importa.  

O outono e o inverno foram necessários, agora sei. Cada tempestade fria e escura que veio contra mim levou embora um pouco do que me prendia ao que é abalável e passageiro. Ambições, incredulidade, pecados ocultos, orgulho, murmurações e muitas outras coisas caíram um pouco mais por terra.

Perante tamanha poda, cheguei a indagar: e agora, o que me resta? Pensei ser esse o meu fim e até concluí que jamais voltaria a me alegrar. Porém o Espírito Daquele que venceu a morte, em meu coração, sussurra insistentemente: é hora de mudar os trajes de luto. Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz; porventura, não o percebeis? Eis que porei um caminho no deserto e rios, no ermo (Is 43:19).

Diante disso, escolho solenemente esquecer o que passou e avançar para o que adiante de mim está. Deixo cair no mar do esquecimento todo o meu passado turbulento. Chegou a hora de recolher a âncora que me prende ao inverno e abrir as velas do meu frágil barquinho para que o sopro do Espírito me guie a novos mares. Não sei como será a jornada, mas confio no Capitão da minha salvação!

Há pouco era o outono e ainda é inverno, eu sei. Mas a primavera está chegando, e, em Cristo, eu decidi florescer!

Nossa primavera está chegando, e ela será perfeita e eterna!

Ao longo da nossa caminhada nesta terra, passamos por diversas estações. O ambiente ao nosso redor se transforma e nos mostra que somos seres que necessitam de constante renovação. Talvez você, querido leitor, esteja vivendo uma fase abençoada de primavera ou verão: florescendo e colhendo frutos do que foi semeado com lágrimas (Sl 126:5-6) e até sendo sombra e refrigério para quem está a padecer com alguma aflição.

Mas e quanto a você, amado conservo, de alma cansada e esperança frustrada? Como está o seu coração? Não pense que Aquele que escreveu e determinou todos os seus dias reservou apenas momentos de dor e de agonia (Sl 139:16-17; Jr 29:11)! Persevere buscando forças no Criador de todas as coisas e de cada estação. No tempo certo, ventos agradáveis chegarão e sua alma, hoje tão abatida, será novamente um mar de alegria. O que é já foi, e o que há de ser também já foi; Deus fará renovar-se o que se passou (Ec 3:15).

Muito mais do que esperar pela concretização de promessas ou pela realização de algo em especial nesta terra, existe uma verdade absoluta que deve governar toda nossa esperança em relação aos momentos de alegria. Todos nós temos de lidar com o cansaço e a fraqueza dessa carne, eu sei. Contudo nossa jornada aqui, por mais desafiadora que seja, está nos conduzindo para um lugar de total plenitude. Todos nós que cremos em Cristo estamos seguindo para onde não haverá qualquer consequência do pecado, como tristeza, doenças ou saudade. O Pai está levando cada um dos Seus para onde todo choro será enxugado (Is 25:8; Ap 21:3) e a única estação será a primavera, pois a árvore que lá estará produzirá seu fruto de mês em mês (Ap 22:2-5).

Eu não sei qual é a estação em que você se encontra, mas sei que nossa salvação está agora mais perto (Rm 13:11). A nossa primavera está chegando e será perfeita e eterna! Por isso, declaremos com convicção e alegria: Primavera à vista!


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