Uma das qualidades mais impressionantes de alguns personagens bíblicos é a força que eles demonstraram para vencer o mundo. Histórias como a dos amigos de Daniel, que, em nome do único Deus, desafiaram um decreto real e venceram a cruel fornalha, fazem o coração palpitar (Dn 3). O que falar de Ester, que enfrentou a morte ao se apresentar ao rei sem que este antes a chamasse (Et 4:11), para que todo o povo de Israel fosse salvo de um massacre. Elias, Estevão, Paulo – verdadeiros heróis! Seria injusto, porém, deixar de fora duas não menos valentes mulheres usadas por Deus: Sifrá e Puá.

Sifrá e Puá viveram no Egito quando este se esqueceu do justo José, o que causou a escravidão dos israelitas, conforme relato de Êxodo capítulo 1. Eram parteiras hebréias – provavelmente as chefes desse ramo – e estavam a serviço de Faraó, homem mais poderoso daquelas terras. No entanto, em vez de chamá-las para abrir caminho à vida, foram pelo rei instruídas a eliminar os recém-nascidos de Israel.

Não se sabe ao certo o porquê desta determinação, mas o historiador Flávio Josefo diz que a ordem tem relação com o nascimento de Moisés: “Um dos doutores da sua lei, ao qual eles dão o nome de escribas das coisas santas e que passam entre eles por grandes profetas, disse ao rei que naquele mesmo tempo deveria nascer um menino entre os hebreus, cuja virtude seria admirada por todo o mundo, pois aumentaria a glória de sua nação e humilharia o Egito, e cuja reputação seria imortal” (JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. 8a edição. Rio de Janeiro: Casa Publicadoras das Assembléias de Deus, 2004).

Contratempos como esse não são colocados diante de qualquer um. Há que ser muito, muito valente para afrontar o homem mais poderoso da terra. Nos filmes isso é coisa dos mais capacitados guerreiros e agentes secretos. No plano de Deus, contudo, basta ser um servo temente a Ele. Foi o que essas duas senhoras fizeram: “As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como lhes ordenara o rei do Egito; antes, deixaram viver os meninos.” (Ex 1.17).

Talvez, sem essa brava atitude a vida de Moisés fosse ceifada antes mesmo dele ver a luz do sol. A libertação de todo o povo de Israel pode ter passado pelas mãos dessas incríveis mulheres! Elas conseguiram ver o verdadeiro poder no Altíssimo, não em Faraó. Não foi necessário presenciar pragas, mares se abrindo ou pão descendo do céu para confiar. Para elas, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó continuava tão presente como sempre. Resultado: o povo se fortaleceu e foi liberto por Moisés, e elas foram abençoadas com a constituição de famílias!

Talvez seu contratempo hoje seja a vergonha de se dizer cristão na escola quando o mundo impõe um viver diferente. Talvez seja dizer não a uma oportunidade tentadora na faculdade, quando todos os seus colegas esperam um sim. Talvez seja confiar nEle quando tudo parece indicar que você está no caminho errado. Creia: Deus conhece os que Lhe pertencem! Ele conhecia Sifrá e conhecia Puá. Ele conhece você e conhece a mim. Quando a hora chegar, Deus não espera encontrar a pessoa mais valente do mundo, Ele quer apenas um servo que O teme. O resto da história você já sabe.