Deus procura adoradores (Jo 4:23). Ele busca pessoas para o buscarem. Aqueles que correm pelos caminhos eternos à procura de suas riquezas insondáveis, aqueles que se derramam em oração intensa em busca de nada mais que ver a sua face, são verdadeiramente felizes, pois são recompensados com a maior de todas as bênçãos: Ele mesmo.

Ao considerar a história de grandes cristãos do passado, como aqueles através dos quais Deus moveu grandes avivamentos entre seu povo, pode ocorrer-nos a ideia de que eram mais do que simples humanos como nós. Porém, como mostram suas biografias mais fiéis, tal conclusão não é verdadeira. Eles eram, de fato, pessoas comuns, mas que haviam visto algo de Cristo. Haviam visto e enlouquecido! Se perderam Nele e impactaram a época que viviam.

Essa era a disposição dos profetas. Eles buscavam a Deus e O encontravam. Então, depois de vê-Lo, não podiam mais ser os mesmos. Não podiam mais conformar-se com a iniquidade reinante entre seu povo. Antes, um fogo dos céus movia-os a exortá-lo ao arrependimento e buscar a Deus com o mesmo fervor. Era por tal busca que podiam ver além. Era por sua entrega apaixonada que podiam receber poder para fazer grandes coisas.

Podemos viver em tempos de trevas, como muitos desses homens viveram. Por isso essa mensagem é urgente. “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (Is 55:6). O texto a seguir é um relato de um personagem das Escrituras que tinha tal busca pela face de Deus como poucos de sua época, e que, por isso, foi abençoado com uma grande revelação de Cristo.

Pouco se sabe sobre a história de Simeão. Por isso o texto toma as devidas licenças poéticas a fim de comunicar qual poderia ter sido o sentimento do personagem neste episódio tão impressionante narrado no segundo capítulo do Evangelho de Lucas, do versículo 21 ao 34. Que tal exemplo, assim como incontáveis outros na Bíblia e na história, nos sirva de inspiração para buscar a face de Cristo com o mesmo fervor.

“Lamentava o estado de meu país. Fosse pelos opressores que nos governavam, pela fé enfraquecida do povo, ou pela ganância e hipocrisia daqueles que deveriam ensiná-lo, sabia que não era para ser assim, a Boa Palavra me dizia.

A história já contava. Tantas vezes por conta de nossa própria rebeldia nos vimos em calamidade e aflição. Colhíamos o que plantávamos. Só então corríamos de volta a quem havíamos ofendido, Aquele que queria o nosso bem e pacientemente nos perdoava. Agora, mais do que nunca, após tanto fracasso acumulado, o que precisávamos era ir até Ele. Na verdade, mais que isso: Ele viria a nós.

A Palavra que apontava os problemas, também trazia tal esperança. O Bom Deus não havia se esquecido de seu povo que tanto amava. Tal amor que por nós tinha, de maneira nenhuma poderíamos merecer. O amor que havia feito as mais belas promessas, das quais as Escrituras me lembravam, aquecendo meu já velho coração. Tão alegre era a certeza: Deus nos enviaria um Salvador!

Ah, coração cansado! A idade pesava sobre ti e teu caminho nesta vida já parecia chegar ao fim. Mas as Sagradas Escrituras te davam força. Segue crendo! Continues a ler as antigas profecias! Interroga, examina, investiga as circunstâncias em que o Messias virá! Busca dia e noite, fortalece tua fé! Valerá a pena! E como valerá!

A cada linha, os olhos brilhavam e o coração ardia ainda mais! Eu me alegrava e desejava mais que tudo: “só quero ver a face do meu Amado Salvador!”.

Nessa busca segui e por fim agradeci. Obrigado, Senhor! Os que te buscam encontram, os que buscam com todo o coração! E o coração, como o de poucos, ansioso pela consolação de Israel… Ah! Esse coração fora recompensado! O Bom Espírito me dissera: “você verá, Simeão! Porque você anseia, viverá para ver aquilo que os céus anseiam revelar!”

E enfim chegara o dia, o dia em que o Bom Espírito me levou ao templo, para lá encontrar aqueles jovens pais, José e Maria, que no colo traziam a criança, a nossa bendita Salvação! Eu a tomei nos braços, olhei para o rosto daquele bebê, tão simples, tão pequeno. Era na verdade maior que o mundo! Espantoso mistério!

Em seus olhos humildes vi a esperança que aguardava. Era o menino Jesus, o Cristo, o Salvador prometido. Era Deus, mas estava em meus braços! Era amor, era salvação, era justiça que eu podia tocar! Alegria indescritível, tão grande como nunca antes sentira, me encheu e transbordou em lágrimas e num sorriso agradecido! Agora podia ver com meus próprios olhos o que tantos quiseram mas não puderam contemplar! Meu desejo fora atendido!

Obrigado, Senhor! Já pode levar o teu servo! Já pode buscar-me para estar contigo! Pois vi a Esperança, vi a Luz que desfaz toda a escuridão.

Só quero vê-Lo, só quero estar com Ele. Que nunca deixem de buscá-Lo. E buscá-Lo de verdade. Ele procura  adoradores, procuremos, então a Ele, e Ele só. Pois é certo que virá o dia de seu retorno. E ele reinará eternamente com os amados que para Si resgatou.”