Ao entrevistarmos o Marco e a Majô Mello e o Joel Ferreira, buscamos experiências de irmãos mais velhos, com um bom tempo de casados, e que também por terem filhos nas nossas idades puderam nos dar grande ajuda.

Também buscamos irmãos mais novos, que tiveram experiências recentes, que nos encorajam ao vermos que ainda hoje é possível seguir seus modelos mesmo em meio a toda globalização, tecnologia e tudo isso que parece tornar tudo tão diferente do tempo dos nossos pais…

Em uma entrevista bastante dinâmica, conversamos com dois casais: Tito e Louise Furtado e Henrique e Luma Frossard. Essa parte pode parecer longa, mas para quem gosta de romances inusitados, eles nos contam suas histórias: como tudo aconteceu…

Henrique é engenheiro e aos 28 anos possui empresa própria. Luma tem 24 anos e hoje tem todos os cuidados com sua filhinha, que na época da entrevista tinha dois meses e meio. Eles estão casados há dois anos!

Tito tem 28 anos e trabalha na Cooperativa de Livros de Vitória da Conquista, está se formando em Administração de Empresas. Louise tem 26 anos e era recepcionista em um consultório em Mogi das Cruzes (na época da entrevista), hoje serve no Bookafé em Vitória da Conquista. Eles se casaram no início desse ano (2015) e SIM, estamos falando de um CASAMENTO que, no início, era À DISTÂNCIA! Então, leia a seguir para conhecer essa história!

Assim começamos

Eu vos Escrevi: O que é esperar? Qual a importância? O quê esperamos, e quanto tempo?

Tito: É importante saber esperar e que todos aprendamos isso, o sentimento sempre vem, mas quase sempre não é a hora. A primeira vez que o sentimento surgiu em mim quando eu tinha 11 ou 12 anos e certamente não era a hora. Como filhos do Senhor devemos buscar diante Dele a força para esperar, pois se não houver consagração a tendência é realizar os desejos da carne, seja um amor platônico ou um desejo carnal. Por causa do pecado que pode gerar ansiedade, existe o risco de danificar toda uma vida por causa de um sentimento. A percepção desse risco só é possível por meio do ouvir e guardar no coração a Palavra de Deus.

Sem a Palavra o povo se corrompe (Provérbios 29:18).

Um relacionamento precisa ter uma finalidade certa, objetiva: que esse relacionamento seja útil para a obra de Deus e para Seu plano.

A Louise não foi a primeira pessoa com quem quis ter um relacionamento com a finalidade de casar, mas sempre orei: “Senhor, não permita que nada aconteça se ainda não for de Sua vontade. Por mais que seja sofrível para mim e para o meu sentimento, não permita que eu realize algo que não seja de Sua vontade.”

Os irmãos sempre perguntam: Você está preparado para casar? Se não está, este não é o momento certo para começar a namorar.

Quando comecei a namorar a Louise, nós demoramos entre 3 a 4 anos para nos casarmos, mas por que tanto tempo? Porque eu estava na metade da faculdade. Se morássemos na mesma cidade teríamos casado no primeiro ano do namoro, já tínhamos base para o casamento, a única coisa que nos separava do casamento era a distância. E essa distância até hoje (na época da entrevista), mantemos. Eu já estava bem perto de terminar a faculdade, calculamos que me formaria antes da data do casamento e então marcamos, até lá eu já estaria morando em Mogi das Cruzes. Bom, não deu certo, aconteceu um imprevisto (greve na universidade) e acabamos casando antes da mudança, morando em cidades diferentes.

– Nota do Eu Vos Escrevi: Hoje o casal mora em Vitória da Conquista – BA.

O jovem precisa perceber isto: namorar não é só por namorar. Parece que esta geração está perdendo este “norte” tão importante, que é o relacionamento com o objetivo de concretizar o casamento. Se o jovem não souber esperar, a tendência é que ele passe por vários relacionamentos que irão lhe causar várias “feridas”.

Henrique: Isso tudo é muito complicado, você une duas coisas: imaturidade e hormônio!

A imaturidade faz com que seja difícil ver a vontade do Senhor, os hormônios e a pressão do mundo fazem com que surja o “eu preciso”, e isso piora conforme vamos ficando mais velhos, pois dizemos: Já não tenho mais 12 anos, tenho 18; já não tenho mais 18, tenho 22, etc. Mas o Senhor tem algo! O problema é: obedecer a vontade do Senhor.

Para isso, Paulo fala para Timóteo fugir das paixões da mocidade (2 Tm 2:22). Ele não fala resistir, mas fugir, porque ele sabe que existe a imaturidade. O segundo ponto é: “segue a justiça com os que de coração puro invocam o nome do Senhor”. Quando essas duas coisas andam juntas, fugimos das paixões da mocidade e estamos junto dos irmãos, a vitória é certa! Fugir não adianta se estamos fracos e longe do ambiente da igreja.

Eu sofri o que o Tito falou. Já estava formado, trabalhando e tudo mais. Também tive um relacionamento que só me atrapalhou. Para mim era o momento, mas para Deus não. Faltou maturidade para mim naquela época, hoje eu sei disso.

Quando encontrei a Luma, o período entre nos conhecermos e casarmos foi de oito meses. Nós não namoramos, nos encontramos e noivamos imediatamente, – por que era do Senhor -, o fato de eu ter insistido antes só me trouxe sofrimento. Por achar que eu trabalhava, tinha deixado pai e mãe, mas não é só deixá-los, é ter a percepção que a carne quer sair correndo e fazer as coisas,  dar com a cara na parede, mas precisamos deixar e confiar no Senhor.

Na espera o mais difícil é: Esperar pela vontade do Senhor!

Eu vos Escrevi: Como saber a vontade do Senhor?

Henrique: o princípio é o mesmo em qualquer situação: a vontade do Senhor vem pela paz, o problema é que confundimos paz com emoção. Quando estamos envolvidos emocionalmente: “aaah, eu amo essa mulher!” você fica irracional! Tem um versículo que diz “loucura é mulher apaixonada” (Pv 9:13)

Eu vos Escrevi: Homens também, homem apaixonado é burro.

Henrique: Principalmente o homem, a gente fica irracional. Não percebemos que não é paz, – “Aaah, isso é a vontade do Senhor!” -, todo mundo sabe que não é, mas você acha que é. Então, o princípio é a paz, mas tem outro: a comunhão!

Luma: Os irmãos, os pais, a comunhão com quem está em volta, e mais uma coisa, nós não perdemos o desfrute do Senhor. Pelo contrário, isso é intensificado, então esta questão da espera é não desistir daquilo que eu almejo. É claro que tem aqueles que não tem paciência.

O Henrique e eu começamos a conversar e depois de muito tempo as conversas foram se intensificando, criamos um vínculo de amizade até chegar a tal ponto que eu não queria ficar sem conversar com ele. Queria estar conversando o tempo todo, queria a companhia, decidimos orar: “vamos orar um mês para o Senhor aprovar ou desaprovar”.

Eu também tinha acabado de sair de um relacionamento frustrado, nós dois estávamos sofrendo, os dois machucados, minha oração era: “Senhor, ou é sim ou é não, aprova ou desaprova, abre ou fecha as portas”. Foi bem intenso este mês de oração.

O Senhor nesse período foi mostrando, foi abrindo as portas, por mais que fosse pouco tempo, – para quem está dentro é um tempo muito grande -, você tem que esperar com paciência, – uma eternidade -, por outro lado, nós não nos conhecíamos pessoalmente, o que também complicou. Foi uma questão de confiar muito no Senhor! É uma questão de entrega, quando você entrega é mais fácil confiar.

Henrique: confiar que Ele está sempre fazendo o melhor! O Senhor está fazendo o melhor!

Luma: Está sempre agindo.

Louise: No meu caso, eu nunca tive nenhum tipo de relacionamento com outra pessoa. Agradeço demais o Senhor porque me guardei assim, totalmente. As pessoas não acreditavam.

Henrique: Opostos, né?!

Louise: Acho legal contar as duas experiências, mostrar que você não precisa ter uma desilusão amorosa.

Henrique: Exatamente. É isso mesmo.

Louise: As pessoas do mundo não acreditavam que eu nunca tinha beijado ninguém, diziam:  “Mentira! Como pode isso?! Uma pessoa de vinte e poucos anos nunca ter beijado?!”. Sofria bullying, as pessoas acham que você é um ET, mas aquilo me guardava. Eu pensava assim: “eu quero uma pessoa guardada também. Se eu quero uma pessoa guardada, com que direito eu tenho de sair por aí?” Eu conheço a realidade, a verdade, o Senhor tem algo para mim! Então, lógico, não é mérito meu, foi o Senhor na minha vida mesmo. Foi o guardar do Senhor.

Henrique: Você decidiu isso, né?!

Louise: Eu decidi isso. Sou uma pessoa que não sou tão levada pela emoção. Eu consigo parar e pensar, muitas meninas são mais emotivas o que torna as coisas mais difíceis. Por ter essa razão assim, eu pensava: “não é isso que eu quero”. Durante todo esse tempo buscando ao Senhor, ouvindo as palavras da conferência, você vê os irmãos e não quer decepcionar as pessoas que acreditam em você, que têm você como modelo. Então pensa no que você vai fazer, porque muitas pessoas vão acabar vendo o que você fizer e se espelhando! Então isso foi um guardar para mim. Depois que nos conhecemos, também ficamos um bom tempo só conversando, tendo comunhão. Acredito que a distância guarda bastante! Tem aquele tempo para você conhecer a pessoa realmente e o Senhor confirmar se é aquilo mesmo ou não.

Essa questão da paz, as pessoas perguntam: “Como você sabe que é a pessoa?” Olha, é a paz no Senhor, como a Luma falou. Os irmãos confirmam, tudo está a favor, conspira a favor. O Senhor abre os caminhos. O Senhor deixa muito claro!

Tito: Precisamos deixar claro que há duas situações aqui: Primeiro a situação dos jovens mais novos que ainda não estão preparados para ter um relacionamento, eles ainda são imaturos. Qual o problema da imaturidade? Quando vem a oportunidade não se pára para pensar. Geralmente, nessa fase, se é levado pela emoção e paixão. Eu e a Louise estamos lendo um livro intitulado: “As 5 linguagens do amor”, se vocês puderem ler esse livro, é muito bom, eu recomendo. Esse livro fala que muitas vezes o relacionamento de casais novos passa pela fase da paixão, que dura em torno de 2 anos e depois acaba. Depois da fase da paixão vem a prova se aquilo realmente é amor mesmo. Então, muitos jovens novos são levados pela paixão: esse é o grande perigo! Não tem algo concreto, verdadeiro. Para os jovens novos que não possuem condições, tanto espiritual quanto humana para sustentar um casamento, a resposta é muito simples: Não é a hora de começar um relacionamento amoroso! Isso é o que os irmãos sempre falam nas conferências de jovens e essa é a resposta certa. Já a outra situação, é com os jovens mais velhos que já têm uma formação humana. Esses precisam realmente ter um espírito sensível à orientação do Senhor.

Para os jovens que têm condições de começar um relacionamento com vistas a constituir família, há algumas referências humanas: Você sabe que a pessoa tem a mesma visão espiritual que você, que tem os mesmos objetivos espirituais e encargos. Eu conheci a Louise na conferência de jovens, servindo. É melhor, né?!

Luma: Recado especial: Se você quer casar, sirva!

Tito: Você precisa ter alguém que goste de fazer as mesmas coisas que você faz, se você ama servir a Deus busque alguém que ame servir a Deus também. Busque alguém que goste de ir para os eventos da igreja, para as reuniões da igreja, que ame estar com os irmãos e na obra do Senhor. Não faz sentido buscar alguém com vontades totalmente diferentes.

Henrique: E tem outra coisa: se você quer alguém que ame a Deus, ame o Senhor você!

Luma: Um homem de Deus vai buscar uma mulher de Deus.

Tito: O resultado de esperar tem que ser para nos ajudar a buscar mais o Senhor. Esse princípio da oração é muito importante, quando fiz o pedido, eu não pedi a Louise para namorar, mas disse: “tenho sentimento por você, e peço que você ore por mim. E ore que se for da vontade do Senhor que a gente case.” Não pedi a ela para namorarmos, pedi em casamento. Ela nem gostava de mim, mas eu já gostava dela. O que ela foi fazer? Foi orar, orou um tempo e depois veio pelo MSN – faz tempo, hein? – e disse: “já está na hora de responder”. Eu fiquei apreensivo, e ela confirmou: “eu aceito”. Quando fui falar com ela, disse: “Tenho um assunto sério para falar com você”. Ela não imaginou que era isso, sei lá, uma coisa do serviço ou outra coisa qualquer, ela não esperava por aquilo, mas atendeu o pedido para que orasse por aquele motivo. Por meio da oração o Senhor colocou esse sentimento nela, graças ao Senhor!

Louise: … e estamos casados.

Na verdade, foi assim..

Todos: Ihhh! Na verdade? (risos)

Louise: Quando eu o conheci, e nós começamos a conversar, meu pai tinha falecido há poucos meses. Minha vida estava mudando radicalmente, eu não tinha cabeça para pensar nessas coisas, pois precisava cuidar da minha mãe por ela estar muito fragilizada.

Começamos  a conversar.  Eu sempre tive muitos amigos no viver da igreja, e nunca tive isso: “estou conversando com um irmão, é sinal que estou tendo algo com ele”. Era conversar com um irmão como outros. Começamos a conversar, conversar, conversar, então ele veio falar isso para mim. Foi um choque, naquele momento da minha vida eu não queria pensar em um relacionamento, muito menos à distância. Então eu falei: “Vou orar e ver o que o Senhor vai responder”.

Engraçado que, depois que nós falamos que íamos orar, enquanto conversávamos, tudo o que eu pedia ao Senhor num irmão ele tinha. Durante as conversas ele ia falando da vida dele, o que ele era, o que ele fazia… Sabe quando você vai sentindo: “não é isso que você pediu”? Não é isso que você quer?”, eu ia sentindo a confirmação do espírito; um irmão que servia – por que eu falava: “Senhor, eu sirvo, como vou casar com alguém que não serve?”.

Meu viver é isso, eu não imaginava casar com alguém que não tinha este viver. Então, conversando com ele, sem ficar perguntando, ele ia falando da vida dele. Neste momento começamos a falar mais da nossa vida, o que a gente já tinha feito, por isso que é boa a comunhão, ela realmente ilumina tudo, e o Senhor foi confirmando. Um dia minha mãe me falou: “Desde que seu pai faleceu eu comecei a orar para o Senhor te dar uma pessoa”. Então eu falei: “Mãe, como você ora por um negócio desse?”, e ela disse: “Você tem que tomar um rumo na sua vida, não pode ficar só assim”. Tudo ia acontecendo e o Senhor ia confirmando. Quando falamos com os irmãos, tanto de Mogi das Cruzes como de Conquista, ambos ficaram muito felizes. A oração é muito importante, quando a gente ora o Senhor ilumina, Ele expõe, Ele entrega na medida para cada um de nós.

Eu orei e depois senti que já tinha que dar uma resposta. Já estava enrolando ele (risos).

Eu vos Escrevi: Quanto tempo durou esse momento de oração?

Louise: Foi 1 mês e meio. Questão de 1 mês mais ou menos.

Eu vos Escrevi: Coitado do homem (risos)

E nesse momento em que você estava orando por ele, vocês mantinham a mesma intensidade nas conversas?

Louise: Sim, é como a Luma falou. Vai aumentando, você quer encontrar com a pessoa, você sente falta da pessoa e quer saber o que está acontecendo com ela, como ela está. E é isso, vai crescendo o sentimento, vai gerando sentimento.

Tito: Eles querem que você confirme, você não gostava de mim?

Louise: Ah, não, eu não gostava dele assim! Achava uma pessoa muito legal. Mas aquela coisa de despertar mesmo não foi antes, foi depois. Eu me senti encontrada mesmo, achada. Foi bem legal.

Eu vos Escrevi: Então de maneira simples, conte também como foi essa questão humana, o momento da declaração. Como foi a experiência do casal?

Luma: Eu servi na conferência de 2012 em julho como AS (Auxiliar de Serviço), e já havia servido outras vezes, então eu já o conhecia de vista. Sempre admirei o Henrique, o Tito, o David, esses meninos, porque eles ficam ali botando gás no pessoal. Já tinha visto ele e nessa conferência eu falei para o Senhor: “Senhor, essa conferência eu só vou para servir, não quero olhar para ninguém, quero só servir”. Estava servindo em tudo: recepção, limpeza, AS, tudo.  Aí eu vi o Henrique.

Depois de um tempo ele me adicionou no Facebook e falou: “olha, temos muitos amigos em comum! A gente se conhece?”. Demorei para responder, estava fazendo faculdade e não tinha internet o tempo todo. Ele perguntou e eu demorei uns dois dias para responder. Falei que sim, que tinha servido naquela conferência e que tinha visto ele. Ele: “ah, eu não lembro de você!”. E ficou nisso. Sempre que ele entrava eu não estava, e sempre que eu entrava ele não estava. Ficávamos meio que se falando sem se falar, porque quando ele me perguntava, eu demorava dias para responder. Daí, ficávamos meses sem nos falar.

Henrique: Meses não! Semanas, né!

Luma: Eu já sentia falta de conversar com ele, estava passando por um momento muito difícil também, muita preocupação. Morava em uma cidade onde fazia faculdade sozinha, estava em um momento de muita angústia e o Henrique me supria muito. Então, ele me pediu o número do celular: “Você tem WhatsApp?”. Assim passamos a conversar mais diariamente a ponto de que no dia em que não conversávamos eu sentia falta. Chegou um ponto em que eu disse: “posso te dizer uma coisa?” e ele disse: “pode”. Eu disse para ele: “te amo!”. Na lata, pensa em um mulher corajosa! Mas ele não me falou, não respondeu, e fiquei: “Meu Deus, Senhor! E agora?”.

Eu esperei, e depois de um tempo ele falou que me amava. A partir dali dissemos: “a coisa está ficando séria! Precisamos saber se realmente é do Senhor”. Tomamos a decisão de orar para o Senhor confirmar. Eu não queria uma decepção para a minha história, é muito sofrido! Eu não queria vê-lo sofrendo, se não for ele, amém. E o Senhor só foi abrindo as portas. Coisas pequenas que só nós dois conseguíamos entender, por mais que a gente fale, ninguém vai entender. Só nós dois, mas foi algo muito do Senhor.

Henrique: Na conferência em que ela me conheceu, eu estava namorando. Então, provavelmente por isso não tinha nem prestado atenção. Eu tinha um relacionamento, tudo mostrava que não ia dar certo, mas insistia e queria que desse certo, já estava pensando em pedir ela em casamento, e veio uma decepção ferrenha, gigante. Depois disso, foi algo muito complicado na minha vida espiritual. Eu não tinha forças. Tinham acabado as minhas forças para buscar ao Senhor, acabaram as minhas forças de tudo. Não vou ficar entrando nesses detalhes, porque não é o ponto. Mas, o que quero dizer é que quando conheci a Luma, quando começamos a conversar, a minha cabeça estava difícil psicológica e emocionalmente falando.

Um pouco depois da conferência internacional, uns dois meses, um mês depois, coisa assim, começamos a conversar. Eu estava fazendo uns cursos e tal, fora da minha cidade e começamos a bater papo no facebook. Começamos a conversar, mas eu estava muito decepcionado por causa do meu sofrimento emocional.

Não tinha muita certeza de nada, mas começamos a nos envolver, começamos a conversar pelo facebook, a orar um pelo outro, conversar por telefone e tudo mais. E, assim, houve muita aproximação, eu tinha muito medo, afinal eu já tinha sofrido, sofrido bastante por causa de algo anterior. Só podemos orar, só podemos confiar no Senhor.

Por causa de tudo isso não queria meter a cabeça de falar assim: “vou namorar”. Não! Eu queria algo sério, não queria ficar brincando. Nessa época os meus pais estavam muito machucados, não por causa de algo comigo, por outras coisas, só que o que me impressionou  foi que a minha mãe dizia que estava orando e ela tinha paz, muita paz. Ela não conhecia a Luma, nem sabia como a Luma era, só sabia que tinha muita paz. Fiquei impressionado com isso, achei que eles seriam cautelosos, mas pela oração, pela paz do Senhor isso me animou porque foi um sinal do Senhor.

Então, decidi que precisava ir conhecer a família da Luma e nos encontrarmos. Porém ela morava muito longe de mim, estamos falando do interior do Tocantins, é algo assim de uns 4.000 quilômetros. É muito longe!

Comecei a pedir alguns sinais para o Senhor, não vou falar quais sinais porque são bastante pessoais, mas pedi sinais – nada assim como “vai cair fogo do céu”. Coisas possíveis, mas completamente improváveis, e o Senhor foi mostrando que era essa a direção, e as coisas foram acontecendo. Quando foi mais para o final do ano pedi para o Senhor me liberar e fui passar o final de ano lá na cidade da Luma.

Você não tem noção de quanto é longe, olha: saí, peguei um ônibus saindo de São Carlos lá pelas seis ou sete horas da tarde e cheguei lá na cidade dela era uma da manhã de domingo para segunda, demorou muito, muito, muito pra eu chegar lá!

No meio do caminho eu ia dizendo: “Senhor, não quero namorar, vai ser à distância, vou sofrer muito: ou volto solteiro ou volto noivo! Não vou voltar namorando, não estou bem para isso”, e outra, isso não faz bem para ninguém!

Então fui orando: “Senhor, faça a Tua vontade, me mostra”. Foi uma semana muito interessante, muito legal, conhecer a família dela, conhecer ela mais profundamente. Quando entrei na casa da mãe dela, queria conhecê-la e queria conhecer também como ela foi criada, porque é importante. Quando a gente casa, não casa só com aquela pessoa, a pessoa bonita, a pessoa legal, casa com a família, casa com a criação que ela teve. Eu fui olhar se a mãe dela a criou em um ambiente organizado, limpo, se não era, se fazia parte daquilo que queria para mim.

Vi a casa da mãe dela, uma casinha simples, num bairro simples, mas uma casinha extremamente organizada, bem arrumada, muito legal!

Estávamos praticamente decididos a noivar, mas eu estava meio inseguro ainda, então disse: “Eu estou meio sem dinheiro para comprar aliança”. Luma queria porque queria que saíssemos de lá noivos (ela não sabia que eu tinha dito isso ao Senhor), oramos muito, e em certo momento falei o seguinte: “tá bom, vamos dar uma olhada nas contas, nos números e ver o que dá pra fazer. Não sei se dá para comprar uma aliança”. Ela: “tá bom, mas vamos orar antes”, ajoelhamos e oramos: “Senhor, queremos noivar, queremos a tua vontade, precisamos de dinheiro, e tal tal tal, tal tal tal”. Quando saímos da oração, alguns minutos depois recebi um telefonema, era a minha mãe me ligando: “Ah, é o seguinte: vou dar a aliança pra vocês de presente tá?” Quando ela falou isso fiquei: “UAU! É DEUS FALANDO!”

Ficamos muito felizes, noivamos lá mesmo, não estava ninguém da minha família, só estava eu e os irmãos da igreja.

Os presbíteros, claro, conversaram muito comigo, eles também tiveram paz com esse noivado. O noivado não foi só do nosso lado, foi também com os irmãos, eles foram um com isso. Fui embora de Araguaína e combinamos de casar mais para o meio do ano seguinte.

Fomos nos preparando para isso e passando bastante tempo longe. Pouco mais de um mês depois ela foi à minha casa, a casa dos meus pais. Também conheceu minha família. Depois, ela foi morar em Fortaleza, que é mais para o norte ainda, nos encontramos duas vezes no meio desse caminho e só. É muito pouco pra quem vai casar, não é? E uma das vezes foi para preparar as coisas do casamento.

Então a Luma precisou de um plano de saúde e também de um passaporte, por causa da lua de mel. O passaporte tem o nome e sobrenome, é caro e dura muito tempo. O plano de saúde poderia ser obtido pela empresa em que eu trabalhava, mas nós precisávamos estar casados para isso.

E eis que surgiu a ideia: casar antes, no civil, e depois casar de verdade. Como assim casar de verdade? É que o casamento diante do Senhor, na palavra, tem uma sequência: “Deixará o homem pai e mãe, se unirá a sua mulher e os dois se tornarão uma só carne (Mc 10:7)”. O que é deixar pai e mãe? Deixar pai e mãe é não depender mais deles, nem financeira nem psicologicamente, sair de casa. Unir-se a sua mulher é você se juntar a ela, ali na cerimônia, junto com os irmãos, o testemunho do casamento. Tornar-se uma só carne é a noite de núpcias, então é uma sequência. Agora o casamento civil lá no cartório é para cumprir um testemunho diante dos homens, um testemunho necessário, apenas isso. Se olharmos o antigo testamento, que é onde tem mais sinais disso, o homem e a mulher que contraem núpcias já estão casados, não importa a cerimônia.

Então, por uma questão de papel, preparamos o casamento. Acabou que não tinha data para fazermos o casamento, ela ainda estava em Fortaleza então o que fizemos foi deixar uma procuração para uma outra pessoa representar ela e casamos por procuração com ela lá em Fortaleza. Casamos no civil, por telefone, chorando e por procuração, foi engraçada a história! Ela pôde usufruir do plano de saúde, o passaporte e aquela coisa toda, mas só fomos casar mesmo, acho que foram dois ou três meses depois desse casamento civil. O casamento que contou mesmo foi o testemunho da igreja, que inclusive foi a segunda vez que eu fui para a cidade dela, Araguaína, uma vez para noivar e a outra vez para casar. Depois disso eu ainda não voltei lá, precisamos voltar. Mas é isso, essa foi a nossa história de casamento, e nós estamos muito felizes!

Isso é uma prova de que a nossa experiência, por mais louca que tenha sido, desde que começamos a conversar até estarmos casados, – com oito ou nove meses no máximo -, o Senhor tem mostrado que Ele sempre esteve nisso, sempre nos conduziu, nada foi contra, os irmãos não foram contra, minha família não foi contra. Sei que os irmãos estavam um pouco preocupados, mas nos abençoaram. Deixamos as coisas acontecerem no tempo. Hoje, pouco mais de dois anos, temos uma filha linda. A grande prova que o Senhor estava nisso é que nos amamos muito mais hoje do que nos amávamos naquela época, por mais incrível que isso possa parecer.

Então é isso, passamos por provas. Claro que temos desentendimentos, mas é tão pouco e as coisas se resolvem tão bem diante do Senhor que nunca tivemos crise, sabe? O Senhor tem sido maravilhoso e somos muito felizes juntos. Isso tudo mostra que a experiência foi forte, rápida, mas o Senhor estava em tudo isso. Apesar de ter sido rápida é bom lembrar que eu já estava com vinte e seis anos na época, já trabalhava, já me sustentava, já não precisava de mais nada dos meus pais. É bom lembrar isso para o pessoal não achar: “Ah, é novo e dá conta de resolver as coisas rápido”. Então é isso, espero que esteja tudo aí.

Segunda parte da entrevista: Desapaixonar, ficar, sexo antes do casamento e outras dúvidas – BATE PAPO com Tito e Louise, Henrique e Luma