Em defesa do evangelho: Apologética – Um caminho para nossa defesa

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Apologética: Um caminho para nossa defesa

“Estai sempre preparados para responder a todo o que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. (1 Pedro 3:15b)

A sociedade contemporânea sofre mudanças constantemente. Entre elas, destacam-se o aumento do acesso à informação, que gera um aumento de objeções e questionamentos.

Os cristãos, atualmente, são muito pressionados em seus meios de convivência. Em média, 60% dos jovens deixam a igreja após passarem pelo ensino médio e faculdade [1]. Hoje, com as mudanças no padrão social, há uma necessidade do compartilhamento da fé vinculada a algo lógico. As pessoas querem respostas racionais que atestem com veracidade aquilo em que cremos. Os ambientes acadêmicos, embora sejam lugares propícios para nosso desenvolvimento, podem se tornar armadilhas, principalmente se não tivermos argumentos suficientes para dar embasamento a nossa fé. Nesse texto falaremos sobre isso. Apresentaremos a apologética cristã.

O que é apologética?

Apologética é uma palavra de origem grega, que vem de apologia, que, por sua vez, significa  defesa, assim como acontece em tribunais. A apologética cristã é uma ferramenta para a defesa da verdade da fé cristã. Com ela podemos nos manter na posição “en garde” assim como em  uma partida de um jogo de esgrima, ou seja, estar prontos para responder a questionamentos. Devemos nos posicionar para apresentar respostas adequadas sobre aquilo em que cremos. O apóstolo Pedro nos encoraja a tomar tal atitude.  1 Pedro 3:15b diz: “Estai sempre preparados para responder a todo o que vos pedir a razão da esperança que há em vós.” O versículo seguinte continua: “fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência” (1 Pedro 3:16a). Embora tenhamos que responder aos questionamentos, devemos fazê-lo com mansidão e respeito. “A apologética também é a arte dos outros não lamentarem o fato de você ser cristão”. Quer dizer, é como Paulo nos orienta em 2 Timóteo 2: 24-25: “Ora é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando, com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade.”

Quando temos convicção e clareza do que cremos, apresentamos nossa defesa sem sermos ofensivos e nossos argumentos sem nos tornarmos briguentos. Quando temos bons argumentos para apoiar  nossa fé somos menos inclinados a bate-bocas e discussões, pois, mesmo que haja muitos questionamentos, ficaremos tranquilos, pois teremos as respostas adequadas e nossa atitude em relação aos questionadores será de empatia e compaixão. A apologética envolve falar a verdade em amor (Ef 4:15).

A apologética tem fundamentos bíblicos?

Na experiência do Senhor Jesus, observamos que ele sempre se referia às profecias nas escrituras juntamente com os milagres que operava (Lc 24:25-27; Jo 14:11). Os apóstolos também seguiram o mesmo caminho. Eles usavam o cumprimento das profecias da ressurreição para provar que Jesus era o Messias. O capítulo 2 do livro de Atos, que caracteriza o dia de Pentecostes, mostra as evidências que apresentam a ressurreição de Jesus através das escrituras (At 2:22). Paulo também apelava para as testemunhas oculares da ressurreição (1 Co 15:3-8). Além de apresentar fundamentos sobre a ressurreição, Pedro se baseou nas escrituras para comprovar os milagres de Jesus (At 2: 25-31). Por meio de argumentos embasados na Palavra, os discípulos mostravam para os judeus que o cristianismo era verdadeiro. Depois de comprovarem a veracidade do cristianismo pelas experiências de Cristo, os apóstolos apelavam para a existência de Deus por meio de suas obras na natureza (At 14:17; Rm 1:20).

Ao serem observadas as experiências deixadas na Palavra, somos orientados a termos um bom depósito, pois quando há conteúdo em nós nos tornamos canais que fluem para aqueles que têm sede. Também somos encorajados a não temer em atestar as evidências da verdade em que cremos. E o Senhor nos usará, colocando-nos em ambientes estratégicos para alcançar os que estão perdidos.

3 razões que fazem a apologética ser importante

*Primeira: Para influenciar a cultura em que estamos inseridos:

Vivemos em uma era cultural em que a sociedade é classificada como pós-cristã, ou seja, a crença em um Deus genérico é aceitável, entretanto, crer em Jesus é incorreto. O resultado dessa realidade, muitas vezes, é que nós cristãos somos vistos como pessoas perigosas e contagiosas. Após o dilúvio que registra a trajetória de Noé, os homens passaram a viver de maneira temente a Deus. Entretanto, 115 anos após esse período, surgiu um homem chamado Ninrode, que foi o primeiro “homem poderoso” na terra (Gn 10:8-9). Ninrode descobriu como ter poder sobre os homens transmitindo a mensagem de que eles não precisavam de Deus, resultando no poder e na exaltação humana. Atualmente vivenciamos um contexto parecido. O tempo em que estamos inseridos está tirando das pessoas a referência de Deus. Assim como na civilização pós dilúvio havia a figura de Ninrode tornando o homem autossuficiente, hoje o deus deste século está cegando as pessoas ( 2 Co 4:4). A crença em um Deus genérico pode ser relacionada aos ídolos que são criados para o benefício próprio, visto que o princípio dos ídolos é fazer a vontade dos homens. Contudo, crer em Jesus parece algo estranho ao mundo, porque  consiste em fazer a vontade de Deus e não a nossa. Justamente por esses itens anteriores, como não há entendimento das coisas de Deus (2 Co 4:4), o homem natural não as aceita porque lhe parecem loucura ( 1 Co 2:14).

A cosmovisão (maneira de perceber o mundo) secularista não abre espaço para o sobrenatural: não crê em milagres, nem na revelação divina, nem em Deus.

Mas o pano de fundo cultural tem grande influência na pregação do evangelho, por isso, não é ouvido de maneira isolada da cultura. Se o evangelho é para ser ouvido como algo intelectualmente acessível, é de suma importância que nós, através da apologética, apresentemos pontos consistentes para influenciar a cultura de modo que a fé cristã não seja descartada como uma superstição.

*Segunda: Fortalecer os que creem

A apologética nos ajuda a firmar nossa identidade. Quando possuímos as respostas sobre as razões de nossa fé temos maior base e confiança para compartilhá-la.

*Terceiro:  Ganhar os incrédulos

Embora a apologética atinja um número pequeno de pessoas, ao utilizá-la, percebemos que Cristo morreu por elas. Seremos usados nos lugares onde o Senhor nos colocar. C.S. Lewis era o “apóstolo  dos céticos”, mas um dia o evangelho chegou até ele, através de razões convincentes. O resultado foi que ele se tornou um dos mais influentes apologistas cristãos da sua geração . A apresentação da apologética de forma convincente, com sensibilidade, combinada com a pregação do evangelho, acrescida de um testemunho pessoal  faz o Senhor se alegrar conosco e nos ajuda a frutificar.

Os benefícios da apologética

  •        Quando somos treinados em fornecer sólidas provas do que cremos e boas respostas às perguntas das pessoas, nossa imagem muda. Passamos a ser vistos como pessoas preparadas e que devem ser levadas a sério. O evangelho será visto como uma opção mais concreta para as pessoas seguirem.
  •        A apologética é um exercício. Quanto mais nos exercitarmos, mais confiantes e ousados seremos para compartilhar Cristo sem ter receio de indagações.
  •        Seremos ajudados a manter a fé em tempos de dúvidas e tribulações, pois a fé baseada em emoções não nos sustenta. Entretanto, uma fé baseada em evidências concretas e conhecimento da Palavra de Deus é algo sólido.
  •        A geração atual é marcada pela superficialidade. A apologética nos ajudará a sair desse contraste. Passaremos a ser vistos como pessoas profundas e interessantes, pois buscaremos mergulhar cada vez mais profundamente em questões sobre a existência de Deus, a origem do universo, a fonte dos valores morais e o problema do mal e do sofrimento.

Conclusão

A apologética cristã é muito mais do que apresentar pontos para defender a fé. Ela é um caminho que podemos trilhar. Fomos chamados para ser sal da terra e luz do mundo, para ser aqueles que influenciam ao invés de serem influenciados. O Senhor conta conosco e espera nosso posicionamento como aqueles que fazem a diferença na geração atual. Querido jovem, o que queremos é que você se sinta cada vez mais encorajado a compartilhar sua fé nos ambientes em que frequenta sem temer as possíveis indagações. Por isso, não tema, porque o Senhor colocará na sua boca as palavras Dele (Jr 1: 9) e no momento oportuno você compartilhará sua fé. Saiba que a sua vida possui sentido, valor e propósito. Que através desses itens você possa identificar o real motivo de estar aqui e o que fazer aqui. Para saber mais sobre o seu propósito de vida não deixe de acompanhar o próximo post.

 

Referências bibliográficas:

 

[1]https://guiame.com.br/gospel/mundo-cristao/maioria-dos-cristaos-que-entram-na-universidade-abandonam-igreja-diz-professor.html

 

http://mestresteologiaedebates.blogspot.com/2012/01/torre-de-babel-explicada-por-flavio.html

 

https://www.youtube.com/watch?v=I5pS1aOaOCs&t=3220s

 

Texto e citações baseados no livro Em Guarda de William Lane Craig

Texto escrito por Alane Amaral, do time de apologética do Eu Vos Escrevi

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