Entre as diversas crenças existentes em nosso país, isto é, cristãos, seguidores de outras religiões e do ateísmo – o qual é a descrença total na existência de algum deus no universo – há uma outra parte que acredita que Deus existe, mas de forma superficial, sem se importar com as implicações dessa crença para sua vida. Assim, para essas pessoas, Deus acaba se tornando irrelevante, ou seja, tanto faz Ele existir ou não. Afinal, estão vivendo sem perceber as consequências de viver sem acreditar em um Deus criador de todas as coisas.

O reconhecimento da existência de Deus diz respeito à essência de cada um de nós, pois traz um sentido de propósito maior na existência da humanidade.

Neste contexto, quero levar você, querido leitor, a refletir sobre questões básicas a respeito das consequências do ateísmo para nossa sociedade. Já que ele implica em negar a existência de Deus, então não há sentido algum em existirmos. E, se Deus não existe, a vida é absurdamente inútil.

Entretanto, há quem diga que podemos criar nosso próprio senso de sentido, valor e propósito — sem Deus. Isso, porém, seria controverso e ao mesmo tempo uma forma de enganar a si mesmo, afinal, estamos falando que é Deus quem dá um sentido a tudo que foi criado, inclusive você e eu. Mas, se alguém nos leva a acreditar no contrário, então qual o sentido de vivermos aqui nesta terra?

Quero deixar bem claro que, ainda que o fato de uma vida sem Deus possa ser absurda, assim como a ideia de que não seja possível provar Sua existência, essa questão deve ser levada a sério. Pois se conhecermos o ateísmo de forma mais profunda, entenderemos que não se pode ousar dizer que a existência de Deus é relevante.

O absurdo da vida sem Deus:

Sem um último sentido

Como William Craig cita em seu livro Em guarda:

“Se Deus não existir, tanto o homem quanto o universo estão inevitavelmente fadados à morte”.

Há um processo biológico em todo ser vivente, cujo ciclo se cumpre em: nascer, crescer e morrer. O universo, como os cientistas afirmam, está se expandindo e as galáxias estão cada vez mais distantes. À medida que isso acontece, este torna-se cada vez mais frio, conforme se consome energia. Logo as estrelas morrerão e serão atraídas por buracos negros. Resumindo, logo o universo também estará em ruínas. Se Deus não intervir nele e em nossas vidas, logo nada mais fará sentido. Assim como acreditam alguns — que começamos do nada; assim tudo terminará: em nada. Não há esperança!

Se a morte se torna o fim de todas as coisas, não fazem sentido os esforços de pessoas em todo o mundo para realizar alguma diferença na humanidade, como o avanço do conhecimento humano, pesquisas e mais pesquisas para curar ou aliviar a dor, esforços diplomáticos pela paz mundial ou pessoas de bem se sacrificando por causas nobres. Seria tudo em vão, já que, em última análise, quando a morte vier, tudo isso não terá feito diferença alguma.

Imortais, mas sem Deus

Mas então alguém pode pensar: e se fossemos imortais, mas ainda assim, sem Deus? Então estaríamos fadados a viver uma vida eterna, porém sem sentido e propósito, pois, “a mera duração da existência, não faz com que a existência tenha sentido” (Em guarda –  William Craig cap. 2).

Há uma história de ficção científica na qual um astronauta havia sido abandonado em um pedaço de rocha perdido no espaço sideral. Ele trazia consigo dois frascos: um deles com veneno e o outro com uma poção que o faria viver para sempre. Por engano, ele tomou a poção da imortalidade, o que lhe faria viver uma vida eternamente sem sentido.

Assim, percebemos que não é apenas uma questão de vivermos eternamente, mas de entender que é Deus quem completa o sentido da possibilidade da eternidade.

Sem um último valor

Podemos prosseguir com o seguinte questionamento: então, se nossa vida termina em um túmulo, que diferença faz se você vive como um Hitler, que promoveu um genocídio de 6 milhões de judeus, ou como a Madre Teresa de Calcutá, que dedicou toda a sua vida aos pobres e foi premiada com o nobel da Paz? É de se pensar, então, que nossos comportamentos não influenciam o nosso destino final. Dessa forma, poderíamos viver como bem entendêssemos, já que não haveria consequência ou diferença alguma em relação à forma como vivemos.

Como o famoso escritor, filósofo e jornalista russo Dostoiévski disse certa vez: “ Se a imortalidade não existe (…) então tudo é permitido.” Logo, o ateísmo representa uma crueldade contra a humanidade, pelo fato de que, se não há consequências futuras, as pessoas podem viver como bem entenderem, segundo seu próprio senso de bem ou mal.

Nesse sentido, uma vez que cada pessoa tem seus interesses próprios,  é inevitável que não se choque de frente com a moralidade. Ainda mais se forem pessoas poderosas como um Donald Trump, um Vladimir Putin, ou um Papa Francisco. Neste caso, você poderia ignorar sua consciência e viver do jeito que bem entender.

Sem um padrão moral

Mesmo que não houvesse imortalidade e Deus não existisse, não haveria um padrão objetivo de certo e errado. Passaríamos a entrar em um conflito existencial. Seriam os valores meramente um gosto pessoal? O que acho certo farei; o que acho errado, então, não farei. Tudo isso segundo o que me convém, de acordo com  minha própria percepção de mundo.

Agora chegamos a um dos pensamentos centrais do ateísmo: os seres humanos nada tem de especial, não há nenhum propósito, bem ou mal, nada de importância que dê um sentido maior à existência humana e seus comportamentos.

Se Deus não existisse, então quem poderia nos dizer quais valores são os certos e quais são os errados? Afinal, não se poderia condenar uma guerra, a opressão, um homicídio, o preconceito, os crimes e o mal. E não se poderia comemorar a generosidade, o amor, a compaixão, ou a ajuda ao próximo. Pois todas essas coisas teriam o mesmo peso na balança. Não haveria diferença alguma. Ou seja, com um sentido de moralidade privado de uma base primordial, objetiva e universal e sem ninguém capaz de dizer o que é certo ou errado, estaríamos fadados a fazer tudo de forma vã e sem propósito.

Sem um último propósito

Se Deus não existe, não há esperança nem propósito algum para o ser humano e para o universo. Tudo está perdido e seríamos simplesmente obras sem valor do acaso.

Salomão, o escritor do livro de Eclesiastes, escreveu: “O que acontece com os homens é o mesmo que acontece com os animais; a mesma coisa acontece para ambos. Todos têm o mesmo fôlego de vida. O homem não tem vantagem sobre os animais. Tudo é ilusão. Todos vão para o mesmo lugar; todos são pó e todos retornarão ao pó.” (Ec 3: 19-20). Então, neste mesmo livro, o autor resume que tudo é vão, que é como correr atrás do vento (Ec 2:11). De que adianta a riqueza, prazer, fama, amor, ser bem sucedido, viajar o mundo, casar-se ou ficar solteiro, ter uma casa ou não tê-la? Tudo está fadado à morte, ao fim, ao nada. Quão desmotivador, não? Passamos a existir sem um propósito e morreremos da mesma forma.

Mas e se a vida necessariamente não precisasse terminar assim, com a morte? E se Deus não existisse? É inevitável, mas a verdade é que, sem a existência de Deus, a vida seria como andar em círculos. É essencial que haja propósito.

Querido leitor, termino esse texto pedindo que não se permita ser levado por todo vento de doutrinas, filosofias e vãos pensamentos tão difundidos neste século. Como Paulo escreve em Efésios 4:14: “O objetivo é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para o outro pelas ondas teológicas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela malícia de certas pessoas que induzem os incautos ao erro.” ( Bíblia King James Atualizada).

Este texto tem o intuito de mostrar algumas das implicações que envolvem o modo ateísta de pensar. Este é um assunto útil para aqueles que desejarem estar preparados para responder a questionamentos quanto a sua crença; aqueles que buscam apresentar a verdade de forma simples e clara, com uma razão precisa a respeito de sua fé em Cristo Jesus. Estes são exemplos de como crer na existência de Deus afeta a maneira como enxergamos a realidade e vivemos aqui. Percebemos a importância de refletir sobre esses três itens básicos: sentido, valor e propósito. A crença na existência de Deus afeta esses itens de maneira fundamental.

Texto e citações baseados no livro Em Guarda de William Lane Craig

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